Economia

Produção industrial recua 1,6% no 4º trimestre, diz IBGE

Redação Folha Vitória

Rio - A produção industrial recuou 1,6% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre de 2014, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados nesta terça-feira, 03, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No primeiro trimestre do ano passado, a indústria teve queda de 0,1%, seguida de um recuo de 1,9% no segundo trimestre e retração de 0,5% no terceiro trimestre, sempre em comparação com o trimestre imediatamente anterior.

"Esse movimento no último trimestre, de desaceleração no fim do ano, também pode ser visto pela média móvel trimestral. A média móvel já dá essa ideia de redução no ritmo no final de 2014", observou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

A média móvel trimestral da indústria passou de -0,5% em novembro para -1,2% em dezembro.

"Mais do que a queda no ano (-3,2%), eu termino 2014 com uma diminuição de ritmo na produção industrial", ressaltou o pesquisador. "Os últimos meses do ano de 2014 tem essa característica de aprofundar a redução de ritmo (na produção)", acrescentou.

Macedo confirma que a pressão das perdas da indústria automotiva deu uma contribuição maior para o total nacional, mas salienta que a retração teve perfil disseminado entre as atividades pesquisadas.

"Claro que veículos automotores trazem essa influência negativa maior, mas acho que é um movimento muito maior do setor industrial. A leitura é de que essa queda está bem espalhada no setor industrial", avaliou.

Esse comportamento de queda no setor industrial já resulta em demissões de funcionários. "Se você tem uma indústria com comportamento de queda, claro que isso traz algum tipo de reflexo para o mercado de trabalho. O mercado de trabalho dentro do setor industrial mostra um comportamento também de queda ao longo de 2014", completou.

Pico de produção

De acordo com IBGE, a indústria está operando 10,3% abaixo do pico de produção alcançado em junho de 2013. "O setor industrial está distante do seu ponto mais elevado. Ele vem operando 10,3% abaixo do que já operou em seu melhor momento. Isso mostra que a indústria está se distanciando dos seus melhores momentos", explicou Macedo.

"Até o presente momento, o cenário não é favorável para o setor industrial. A atividade se mostra bem menos dinâmica do que já esteve em outros momentos", acrescentou.

A queda de 2,7% na produção industrial em dezembro ante dezembro de 2013 foi o décimo resultado negativo consecutivo. Nem a contribuição do calendário foi capaz de salvar a indústria do vermelho ao fim de 2014.

"Dezembro de 2014 teve um dia útil a mais que dezembro de 2013. Ou seja, essas características acabam confirmando um pouco desse resultado de menor intensidade. Mesmo com dia útil a mais, o resultado foi de queda, movimento que é compartilhado pelas categorias de uso", ressaltou Macedo.

Em dezembro, a queda na produção de bens de capital foi de 11,9%, também a décima taxa negativa consecutiva. Já a fabricação de bens duráveis, que caiu 9,7% ante dezembro de 2013, teve um único mês de taxa positiva ao longo de todo o ano, apenas fevereiro, quando a produção aumentou 23,3%.

"O resultado de duráveis só foi positivo em fevereiro de 2014, que teve dois dias úteis a mais que fevereiro de 2013", observou o pesquisador do IBGE.

Extrativista

A expansão da indústria extrativa impediu um recuo ainda maior da produção industrial brasileira em 2014, segundo IBGE. "O extrativo vai ter um comportamento totalmente distinto dos demais setores industriais. Não por acaso, quando você consolida os resultados do ano, essa atividade tem o maior impacto positivo sobre a indústria", apontou Macedo. "A extrativa e a (indústria de) transformação têm comportamento totalmente distintos. A indústria extrativa vem mostrando crescimento, e a indústria de transformação mostrando recuo", acrescentou.

A indústria nacional teve retração de 3,2% em 2014, mas o setor extrativo aumentou 5,7% sua produção no período. Em dezembro, enquanto a indústria recuou 2,7% em relação ao mesmo mês de 2013, a atividade extrativa teve elevação de 9,0%.

"O setor extrativo é o principal destaque (no mês), com aumento na produção tanto para o minério de ferro quanto para o petróleo. E vai ser a mesma situação também quando se observa o acumulado do ano. Os dois produtos têm contribuição importante também para justificar a expansão na produção", disse Macedo.

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