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Economia

Cooperativismo: economia em expansão e alternativa profissional

No Brasil, são cerca de 7 mil cooperativas que geram quase 400 mil empregos. Só no Espírito Santo, são 125 cooperativas em nove ramos diferentes

Gustavo Fernando

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

O cooperativismo encontra-se em grande expansão e vem ampliando cada vez mais suas fronteiras no mundo, ganhando capilaridade e competitividade. Com a crescente profissionalização do setor, ele é uma alternativa profissional viável e atraente, pois tem todas as características valorizadas pela geração que hoje ingressa no mercado de trabalho: desafio, inovação, possibilidades de progresso profissional e pessoal.

A maior parte das organizações cooperativas têm hoje posições em aberto, ofertando vagas nas mais diferentes áreas, seja de produção, de administração ou comercial.  De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras do Espírito Santo (OCB/ES), um bilhão de pessoas, distribuídas em mais de 100 países, estão diretamente envolvidas com o cooperativismo, ou seja, um em cada sete habitantes do planeta é associado a uma cooperativa. Mais de 250 milhões de empregos gerados

O superientende da OCB/ES, Carlos Andre Santos de Oliveira, ressalta que só aqui no Espírito Santo existem cerca de 330 mil cooperados, reunidos em 126 cooperativas, em nove ramos da economia (agropecuária, consumo, crédito, educacional, habitacional, produção, trabalho, transporte e saúde). "O setor emprega quase 10 mil colaboradores diretos só aqui  no estado. O segmento cooperativista faturou 5,3 bilhões de reais no último ano. E 20 das nossas cooperativas estão no ranking das 200 maiores empresas do estado".

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O que é cooperativismo?

Segundo informações do Sistema OCB-ES, o cooperativismo é uma forma de organização que tem como diferencial promover, de modo simultâneo, o desenvolvimento econômico e o bem-estar social. Baseada na união de pessoas, sendo este o seu maior capital, a atividade tem como referenciais a participação democrática, a solidariedade, a independência, a autonomia e busca pela prosperidade conjunta, e não pela individual. É um movimento capaz de devolver para as pessoas o resultado do trabalho, pois tem em seu centro o ser humano.

Formação de Gestores

A gestora de Inovação da FAESA, Bianca Rodrigues, confirma que o trabalho colaborativo vem crescendo, sendo cada vez mais valorizado e abrindo novas oportunidades de trabalho, mas faz um alerta: "Os gestores precisam entender que nunca estão prontos e que o aprendizado permanente é fundamental. Dessa forma, o profissional precisa estar sempre em busca de desenvolver as hard skills e as soft skills para estar cada vez mais preparado para o mercado de trabalho e para exercer uma gestão inovadora".

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Confira o que a gestora de inovação pensa sobre a capacitação para o setor:

Capacitação , habilidades técnicas e inovação

Em uma área cada vez mais crescente, e de grande importância econômica para Espírito Santo, o mercado educacional já prepara os profissionais do futuro. Além disso, a requalificação dos gestores é fundamental para o contínuo sucesso do mercado cooperativista.

Hoje, já existem cursos de graduação em gestão de cooperativas. O professor e gestor da Unigram Net, Henrique Reges Jr., explica que é grande a ´procura pelo curso, já que esse é um setor que teve um crescimento de 25% nos últimos dois anos, sendo assim, uma das poucas áreas que conseguiu apresentar crescimento no mercado. 

"O sistema era, até pouco tempo atrás, somente associado ao agronegócio. Hoje, e a cada dia mais, o setor está na área de saúde, transporte e profissionais liberais. Dessa forma, o curso de gestão em cooperativas está totalmente adequado ao mercado e focado em várias ramificações".

Com isso, o ensino capacitador visa formar profissionais na área de Planejamento e Gerência em atividades relacionadas ao cooperativismo, associativismo e seus respectivos negócios. Assim, desenvolve nos profissionais e estudantes, habilidades para assessorar, elaborar, estimular e desenvolver projetos em comunidades rurais e urbanas. 

Para o segmento, o gestor ideal é aquele que domina questões relacionadas ao direito do trabalho, empreendedorismo, fundamentos e princípios do cooperativismo, gestão de pessoas e equipes, além de temas como sociologia, ética e responsabilidade socioambiental.

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Um dos exemplos de uma gestão qualificada acontece na Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul). Segundo o presidente da associação, Renato Alvarenga Theodoro, apesar do pouco número de cooperados em relação as grandes cooperativas do Espírito Santo, cerca de 160, existe uma contínua busca pela gestão de excelência. Veja o que Renato diz sobre o mercado capixaba e o modelo de gestão:

Modelo de gestão de cooperativas no Espírito Santo

De acordo com Wellington Luiz Pompermayer, presidente da Cooperativa Agroindustrial do Espírito Santo e da Cooperativa de Trabalho em Tecnologia, Educação e Gestão, a capacitação em novas áreas de conhecimento e atualização contínua é primordial para qualquer negócio, manter-se alinhado com as novas tecnologias e ferramentas disponíveis não é mais diferencial dos gestores, mas sim, necessidade. No caso específico das cooperativas, os profissionais que desejam atuar na gestão das mesmas, seja como colaboradores ou como cooperados, devem antes de mais nada, entender e aprender as especificidades do modelo. 

"Por mais que várias questões organizacionais e legais sejam iguais e/ou bem semelhantes à demais formas empresariais, as cooperativas possuem princípios, valores e filosofia muito específica, mas que de maneira geral, estão alinhadas com o que as empresas mais modernas buscam estabelecer como modelo ideal de organização. O gestor deve ser generalista, mas ter bom conhecimento de todas as áreas relativas ao negócio, para que assim possa gerir e saber tomar as decisões adequadas ao negócio".

Segundo a OCB, a gestão moderna deve ser coerente com as pessoas que vão aplicá-las, com a estrutura física da organização e com as características onde a cooperativa esteja inserida buscando uma aproximação com o cliente e com as outras empresas.

Os principais requisitos para se praticar a gestão moderna de uma organização cooperativa são:

- Saber por que a organização precisa ser administrada;
- Entender a organização cooperativa, suas características internas, saber o sistema de onde ela faz parte, conhecer também as diferenciações entre cooperativa e outros tipos de organizações;
- Conhecer o ambiente onde a organização está inserida;
- Se primorar e dominar as práticas gerenciais disponíveis no mercado ou no ambiente tecnológico.

Capacitações

No Espírito Santo, só em  2017, quase 90 mil cooperados, dirigentes e funcionários de cooperativas foram beneficiados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Espírito Santo(Sescoop/ES), com capacitações. Também foram realizadas visitas “in loco”, pareceres técnicos e contábeis e consultorias empresariais. De acordo com o superintendente da OCB/ES, Carlos André, estes serviços são fundamentais para que os bons resultados fossem alcançados. Propiciando desenvolvimento social e econômica, resultado da correta aplicação dos recursos.

O assessor jurídico da OCB/ES, Arlan Simões Taufner, afirma que as cooperativas são uma alternativa sustentável e juridicamente previstas na constituição e totalmente viáveis como nova opção para o mercado de trabalho e de consumo. Entenda como funcionam e a importância das capacitações realizadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras do Espírito Santo.

As cooperativas como importante ramo profissional e econômico

Mercado Capixaba 

O superintendente do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, afirma que o cooperativismo cresceu muito no Espírito Santo e atua em diversas áreas da economia. Gerando mais de R$ 5 bilhões em 2018. Dessa forma, o sistema cooperativista gera trabalho, renda e cidadania em várias áreas, como na agricultura, habitação, alimentação, transporte, saúde e crédito. 

"A busca do crescimento sustentável de cada cooperativa deve começar por uma diretriz estratégica assertiva, que alinhe o corpo técnico-gerencial às orientações decisórias, para identificar e analisar cenários; vislumbrar, construir e, corajosamente, praticar a inovação disruptiva ou incremental".

Confira uma análise de Carlos André sobre como o cooperatismo é um importante setor da economia do Espírito Santo, e nacional, e também sua importância na geração de empregos e na transformação e qualificação da mão de obra.


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