Economia

Capixabas donos de startups avaliadas em até R$ 10 milhões dão dicas de como ter sucesso

Erick Coser e Rodrigo Miranda participaram do evento Espírito Startups Conference, realizado na noite desta terça-feira, em Vitória

Foto: Arthur Louzada

Empreendedores capixabas também têm se destacado no mercado nacional e internacional de startups. Dois dos mais bem sucedidos empresários do ramo de tecnologia nascidos no Espírito Santo, mas que atuam no cenário nacional, participaram do evento Espírito Startups Conference, realizado na noite desta terça-feira (22), no auditório da Fucape Business School, em Vitória.

Erick Coser é cofundador e CEO da Gabriel, empresa que presta serviço de videomonitoramento, por meio de câmeras de segurança. Já Rodrigo Miranda é fundador e CEO da Zaitt, a primeira loja autônoma da América Latina, onde o cliente tem acesso a uma loja física, mas faz o pagamento do produto por meio de aplicativo.

O painel, cujo tema foi "capixabas no cenário de inovação nacional", também contou com a participação de Henrique Leite, investiments & connections partner da Canary, que é um fundo de venture capital para financiar startups que estão em estágio inicial. 

Durante o evento, realizado pela Rede Vitória, em parceria com a Apex Partners, os dois empreendedores capixabas falaram um pouco de sua trajetória de sucesso. Nascido em Guarapari, Rodrigo conta que se formou em engenharia, mas preferiu não seguir a área e partiu para a área de negócios.

Ele fundou a Zaitt com um grupo de amigos e, inicialmente, a empresa atuava como um delivery de bebidas em Vitória. "Não era nada inovador, nem sabíamos o que era startup. Só queríamos abrir a empresa, trabalhar e, eventualmente, ganhar dinheiro", recorda.

Foto: Arthur Louzada
Rodrigo é CEO da Zaitt, a primeira loja autônoma da América Latina

A situação começou a mudar a partir de 2017, quando os sócios da empresa decidiram mudar o modelo de negócio. Rodrigo conta que passou a pensar em formas de melhorar a experiência do cliente nas compras no varejo físico.

"A gente observando isso, a gente cria essa nossa tese, muito ligada à autonomia, agilidade e disponibilidade das lojas, tanto em horas quanto em localizações. Fazer algo muito replicável e muito escalável para estar sempre perto do consumidor", destacou.

Atualmente, a Zaitt está em processo de abertura de sua 14ª loja no Brasil, que funcionará em Santa Catarina. A empresa também atua no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Alagoas.

Há pouco menos de um ano, a empresa começou a atuar em um modelo de franquias e já assinou 51 contratos desse tipo de negócio. Segundo Rodrigo, a expectativa é fechar o ano com 80 a 90 lojas em funcionamento e mais 170 contratos fechados.

Serviço de câmeras de segurança a baixo custo

Formado em administração e ciências da computação, Erick, nascido em Vitória, já morou em diversos países. Ele conta que, no período em que viveu na China, percebeu a eficácia do país em lidar com a segurança pública e como eles conseguem baratear os custos.

"O papel do empreendedor é fazer as coisas dez vezes melhor ou fazer com um décimo do preço. Um fundamento que a gente pegou da China foi de como eles conseguem desenvolver infraestrutura a um décimo do preço que o pessoal está acostumado. Estamos pegando as coisas que já existem, mas fazendo a um décimo do preço", ressaltou.

Foto: Arthur Louzada
Erick Coser é um dos fundadores da Gabriel, empresa que atua no ramo da segurança

Erick contou que, em um ano e meio de operações no Rio de Janeiro, a empresa conseguiu instalar três vezes mais câmeras que o governo do Estado do Rio conseguiu em toda a capital fluminense. Além disso, ajudaram a polícia carioca a prender 43 pessoas e a inocentar uma.

"Quem prende é o Estado e quem inocenta é o Estado. A Gabriel faz o trabalho de entregar a infraestrutura funcionando", frisou o empreendedor, que disse que o nome da empresa foi inspirado no Anjo Gabriel.

Atualmente, segundo Erick, a Gabriel está avaliada em cerca de R$ 10 milhões. Recentemente, a empresa fez uma captação de R$ 66 milhões com a SoftBank, empresa japonesa especializada em investimentos na área de tecnologia.

O empreendedor atribui o interesse da gigante japonesa na Gabriel pelo fato de a empresa estar se destacando no mercado em que atua. Erick citou como exemplo a Uber, que, segundo ele, criou quase um monopólio e dificilmente deixará de ser líder no mercado de transporte particular de passageiros por aplicativo.

"O SoftBank está investindo na Gabriel porque acredita que ela está criando um negócio em que ela pode ser monopolista no mercado", frisou.

Retorno financeiro das startups

Se uma startup consegue se destacar no mercado, geralmente é porque tem o suporte de investidores, que, em contrapartida, esperam lucrar com a nova empresa de tecnologia. 

Foto: Arthur Louzada
Henrique Leite atua na Canary, que financia startups que estão em estágio inicial

Atuante no mercado de fundos de venture capital para startups, Henrique Leite destacou que a grande maioria dos investimentos feitos por essas empresas são em companhias que dão retorno financeiro muito pequeno ou até negativo. Segundo ele, o que faz a diferença são os demais 20%, formado por startups com retornos bons ou excelentes.

"O retorno [do investimento] é explicado pelos 10% das companhias que dão um retorno maior, que é investir em um Facebook da vida, por exemplo. São companhias que vão dar um retorno assimétrico e que vão multiplicar o capital por 50, 100, 200 vezes. Nesse caso, o retorno é tão grande que é pouquíssimo relevante qual é o valuation [valor de mercado da empresa] de sua entrada", frisou Henrique.

VÍDEO: Espírito Startups Conference: assista ao evento!

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