Economia

Liquidez não é nem deve ser motivo de preocupação no curto e médio prazos, diz BC

Redação Folha Vitória

Brasília - O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, avaliou nesta segunda-feira, 3, que os índices de liquidez do Sistema Financeiro Nacional (SFN) no curto e no médio prazo continuam em patamares satisfatórios.

"A liquidez geral do sistema aumentou muito até mesmo pelo baixo crescimento do estoque de crédito. A liquidez não será nenhuma fonte de preocupação no curto e no médio prazo", afirmou, ao comentar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2016.

O diretor destacou ainda que os ativos de mais longo prazo estão sendo financiados por passivos estáveis. "Isso não representa nenhum tipo de problema nem no presente e nem no horizonte relevante", completou.

De acordo com Anthero, o sistema está bem capitalizado e deve manter índices e capital "bastante satisfatórios" durante o processo de implantação de Basileia III. "No curto prazo, esperamos que sistema mantenha sólido índice de capitalização. O sistema continua bem capitalizado e assim deve permanecer no horizonte visível", avaliou.

Os testes de estresse de capital do REF também mostraram que o sistema está apto para absorver choques decorrentes, inclusive, de um processo de deterioração adicional da economia muito acima do que está previsto no horizonte. "O nível de solvência é muito confortável e os testes de estresse não mostram dificuldades do sistema para enfrentar situações ainda mais adversas", relatou.

'Recessão profunda'

O diretor de Fiscalização do Banco Central avaliou que a "recessão profunda" dos últimos anos trouxe grandes desafios para a economia real do País, mas não se propagou de forma destacada no SFN.

"Embora alguns riscos tenham se materializado, como a inadimplência, o sistema financeiro tem tido capacidade de absorver os choques e se mostra bastante líquido e solvente. O sistema financeiro estará forte nesse momento de retomada da economia", afirmou, ao comentar o REF do segundo semestre de 2016.

O diretor citou ainda que o relatório desta segunda-feira trouxe um estudo sobre a percepção dos agentes financeiros sobre a estabilidade do sistema. "Há uma percepção do mercado de que os riscos à estabilidade do sistema financeiro se reduziram no período recente", pontuou.

Meirelles relatou ainda que houve aumento dos ativos problemáticos - como créditos atrasados ou renegociados - que, apesar dos sinais de estabilidade da inadimplência, devem manter um crescimento à frente. "Mas sem trazer riscos à estabilidade porque o sistema mantém níveis satisfatórios de provisionamento. Os bancos têm um nível elevado de provisões, acompanhando esse crescimento dos ativos de maior risco", completou.

Lava Jato

O diretor do BC disse também que os efeitos potenciais da Operação Lava Jato ao SFN podem ser totalmente absorvidos pelos bancos em caso de uma quebra generalizada das empresas envolvidas no escândalo.

"Alguns riscos se materializaram. Algumas empresas deixaram de existir e outras têm tido dificuldades, mas esses efeitos são bastante suportáveis pelo sistema" afirmou.

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