Economia

Lava-Jato pode levar Petrobras a reduzir investimentos, avalia o FMI

Redação Folha Vitória

São Paulo - No seu relatório anual sobre o Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que a Petrobras provavelmente terá de rever seu plano de investimentos e comenta que o contágio em razão da operação Lava Jato, da Polícia Federal, pode ser grande.

Lembrando a crise na companhia, o relatório aponta que, no fim de 2014, o valor de mercado da Petrobras em dólar era mais de 80% inferior ao registrado cinco anos antes e o nível de endividamento da companhia era o maior do setor em todo o mundo. O Fundo aponta que o plano de investimentos para 2014-2015 prevê gastos de quase US$ 221 bilhões. Entretanto, desde que ele foi formulado, os preços internacionais do petróleo caíram quase à metade, aproximando-se da taxa de break-even, considerando o regime tributário atual.

O FMI aponta que, em janeiro, a Petrobras anunciou a previsão de investimentos para 2015, que são quase 20% menores do que a média dos últimos anos, refletindo não só a queda do petróleo, mas a necessidade da companhia de conservar caixa. "Novas revisões do plano podem ser necessárias", diz o texto. É apontado ainda que o acesso a crédito se tornou mais difícil para o setor como um todo, com a situação da Petrobras exacerbada pelas idiossincrasias da companhia. Outro problema é que as chances de novos empréstimos com bancos públicos são pequenas, pois eles já estão bastante expostos à companhia.

"A Petrobras tem um grande 'colchão' para 2015, mas precisa reconquistar acesso a financiamentos para continuar expandindo a produção para além deste ano", afirma o FMI. Segundo a instituição, o principal risco é que a Petrobras fique afastada dos mercados de dívida por um longo período. "Tal situação pode levar à necessidade de apoio financeiro do governo - direto e/ou indireto - colocando sob pressão os objetivos do governo de reduzir dívida."

Segundo o Fundo, o contágio da Lava Jato pode ser grande, já que a investigação envolve várias das maiores construtoras do País. A instituição cita que essas empresas podem enfrentar dificuldades para conseguir financiamentos, impactando possivelmente seus credores e fornecedores, como já ocorreu com a OAS.

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