Economia

Kátia Abreu diz que bola do acordo com UE estava com Bolsonaro, mas foi 'roubada'

A senadora citou um novo movimento europeu contra produtos brasileiros

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
Foto: Agência Senado

Pecuarista e ex-ministra da Agricultura, a senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO) fez uma série de críticas nesta quinta-feira, 6, às políticas do governo de Jair Bolsonaro na área ambiental. Para ela, a "bola" para aprovação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul estava nas mãos do presidente brasileiro, mas foi "roubada" por causa de notícias sobre o aumento do desmatamento no País.

Em audiência para ouvir o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto de Franco França, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia, presidente do colegiado, disse que é preciso estar atento aos compradores de produtos brasileiros para que o País não perca mercados. "Eu acho que o consumidor sempre tem razão", afirmou.

A senadora citou um novo movimento europeu contra produtos brasileiros que veio à tona ontem. Cerca de 40 companhias alimentícias britânicas ameaçaram parar de comprar itens domésticos caso seja aprovada uma mudança na lei nacional, que, de acordo com esses importadores, abre caminho para mais desmatamento ilegal no País. A ameaça foi registrada por meio de uma carta enviada a parlamentares em Brasília junto com o pedido de que rejeitem a proposta. Há a expectativa de que o Projeto de Lei 510/2021, que é apoiado pelo governo, seja votado ainda este mês.

Os autores da carta se dizem inconformados com a adesão do Palácio do Planalto ao PL, poucos dias depois de o presidente se comprometer acabar com o desmatamento ilegal no País até 2030 durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo governo americano de Joe Biden no fim do mês passado. Os autores também lembraram que tinham entrado em contato com senadores e deputados preocupados com a Medida Provisória 910, que poderia reformatar o PL 2633/2020. "Ficamos animados com sua decisão anterior de retirar a proposta."

O grupo garante que a "porta continua aberta" para trabalhar com parceiros brasileiros no apoio ao desenvolvimento de gestão da terra e agricultura. "Somos parceiros dispostos a possibilitar isso de uma forma que apoie desenvolvimento econômico, mantendo os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais", citou. "No entanto, se esta ou outras medidas que prejudicam essas proteções existentes se tornarem lei, nós não teremos escolha a não ser reconsiderar nosso apoio e uso da commodity agrícola brasileira em nossa cadeia de suprimentos", escreveu o grupo em outro trecho.

"Essa grande cadeia de compradores, inclusive de supermercados no Reino Unido, está dizendo que pode deixar de comprar do Brasil por causa do desmatamento", disse Kátia Abreu. Ela acrescentou que, assim como dizem o presidente e o chanceler, o Brasil precisa mostrar o que tem feito nessa área para os outros países, mas avaliou que não tem tido sucesso a comunicação feita por Brasília. "A bola foi roubada do presidente e quem permitiu que se roubasse a bola de Bolsonaro foi quem permitiu o aumento do desmatamento. Bolsonaro estava pronto para fazer um gol de placa", afirmou ao ministro e aos demais colegas.

A senadora também criticou diretamente a postura do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em relação ao tema. Para ela, Salles tem colocado o Brasil repetidamente em situações delicadas no exterior. "Salles não nos pode colocar o Brasil num cabo de guerra todos os dias em pé para cair", ilustrou.

O chanceler, no entanto, voltou a defender a "postura republicana" do colega, como havia feito em 28 de abril em uma sessão similar na Câmara dos Deputados. Ele, inclusive, mencionou a articulação fundamental do ministro para agendar uma reunião com o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry. Sobre o encontro, França disse que o Brasil e os EUA se comprometeram a trabalhar juntos para promoverem meio ambiente e o crescimento sustentável. O encontro virtual foi realizado no último 30 de abril.

Veja a lista dos importadores brasileiros

Agricultural Industries Confederation (AIC)

Ahold Delhaize

ALDI Einkauf SE & Co. oHG

ALDI SOUTH Group

AP7 (Sjunde AP-fonden)

Aquascot Ltd.

Asda Stores Ltd.

BIAZA

The Big Prawn Company

British Retail Consortium

Congregation of Sisters of St. Agnes

Co-op Switzerland

The Co-operative Group

Cranswick plc

Donau Soja

EdenTree Investment Management

Greggs plc

Hilton Food Group

Iceland Foods

KLP Kapitalforvaltning AS

Legal & General Investment Management

Lidl Stiftung

Marks & Spencer

METRO AG

Migros

Moy Park

National Pig Association

New England Seafood International (NESI)

Ocado Retail

Pilgrims UK

ProTerra Foundation

Red Tractor Assurance

Retail Soy Group

J Sainsbury Plc

Skandia

Swedbank Robur Fonder AB

Tesco PLC

Waitrose & Partners

Winterbotham Darby

Wm Morrison Supermarkets Plc

Woolworths Group

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