ARTIGO IBEF

Lei de Gérson: o "jeitinho brasileiro" na cultura organizacional

Líderes devem servir como modelos, demonstrando consistentemente padrões elevados de conduta e tomando decisões alinhadas com os valores da organização

IBEF-ES

Redação Folha Vitória
Foto: Freepik
*Artigo escrito por Alessandro Coutinho, professor, pesquisador, pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão na Universidade Vila Velha (UVV) e líder do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do IBEF-ES.

Na década de 1970, a célebre Lei de Gérson teve sua origem quando o renomado jogador de futebol, Gerson, emprestou sua imagem à marca de cigarros Vila Rica e proferiu a emblemática frase: "Eu gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve você também!"

Para a antropóloga Livia Barbosa, “o jeitinho é sempre uma forma ‘especial’ de se resolver algum problema, situação difícil ou proibida, ou mesmo uma solução criativa para alguma emergência, seja sob a forma de burla a alguma regra ou norma estabelecida, seja sob a forma de conciliação, esperteza ou habilidade”.

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No entanto, essa prática conhecida como "Lei de Gérson", ou "Jeitinho Brasileiro", muitas vezes transita nas rotinas corporativas. 

Em muitas empresas, a rotina diária é influenciada por essa mentalidade, quando a busca por atalhos e soluções rápidas muitas vezes se sobrepõe aos valores éticos e à integridade. Isso pode se manifestar em pequenos atos, como burlar processos para alcançar metas mais rapidamente ou passar responsabilidades para outros colegas sem assumir a própria parte.

Embora possa parecer inofensiva à primeira vista, não combater esses comportamentos no ambiente corporativo pode ter consequências negativas a longo prazo. 

A falta de transparência e honestidade pode minar a confiança entre os colegas e prejudicar a reputação da empresa perante clientes e parceiros comerciais.

Para combater efetivamente a Lei de Gérson no ambiente corporativo, os gestores precisam adotar uma série de medidas. 

Primeiramente, é crucial estabelecer e comunicar de forma clara os valores da empresa, enfatizando a importância da integridade e transparência em todas as operações. 

Além disso, os líderes devem servir como modelos de comportamento ético, demonstrando consistentemente padrões elevados de conduta e tomando decisões alinhadas com os valores da organização.

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Outra estratégia fundamental é a implementação de políticas e procedimentos claros que desencorajem comportamentos antiéticos e forneçam diretrizes sobre como lidar com questões éticas no dia a dia do trabalho. 

A responsabilização também desempenha um papel essencial, com os gestores sendo responsáveis por recompensar o comportamento ético e aplicar medidas corretivas quando necessário.

Por último, fomentar um ambiente de confiança e colaboração é igualmente importante. Isso significa criar um espaço onde os colaboradores se sintam seguros para expressar preocupações éticas e trabalhar juntos na resolução de problemas. 

Investir em treinamento e desenvolvimento sobre ética e integridade também pode ajudar os colaboradores a entender melhor os princípios éticos e como aplicá-los em seu trabalho diário.

Por fim, mais do que nunca, as empresas precisam se posicionar como agentes de mudança no mundo atual, evitar a cultura da "Lei de Gérson" ou do "Jeitinho Brasileiro" adotar uma abordagem mais ética e equitativa. 

Isto faz parte de como construir organizações mais justas, sustentáveis e verdadeiramente meritocráticas, que valorizam e recompensam o esforço e o talento genuíno de seus colaboradores.

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