Economia

Atual política dos emergentes pode não bastar, diz diretor-geral do BIS

Redação Folha Vitória

Basileia - O cenário para os mercados emergentes tem riscos e as políticas econômicas existentes podem não ser suficientes para a proteção dessas economias. O alerta foi dado neste domingo pelo diretor-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Jaime Caruana. O diretor da entidade voltou a reforçar o tom de alerta para o maior endividamento externo das empresas emergentes.

"Nem tudo é cor de rosa. As taxas de câmbio variáveis e uma boa conjuntura macroeconômica podem não ser suficientes para proteger plenamente as economias (emergentes) frente a perturbações externas", disse durante discurso durante a Assembleia Geral Anual do BIS. Caruana observa que, ainda que a dívida externa dessas economias tenha caído em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), "ela se concentra no setor empresarial, onde o descasamento de moedas é mais difícil de detectar e podem afetar mais diretamente o investimento e o emprego".

Uma das preocupações do BIS é o aumento da exposição de empresas emergentes à dívida externa - em moedas fortes como o dólar ou euro - diante da perspectiva de desvalorização de divisas emergentes em meio à fraqueza dessas economias.

Diante desse risco, o diretor do BIS defende que o papel dos bancos centrais "não será simples". Autoridades monetárias devem estar atentas às eventuais deficiências de liquidez em determinados setores e às mudanças na dinâmica das operações de crédito entre instituições bancárias e não bancárias, sugere. No Relatório Anual do BIS divulgado neste domingo, a instituição cita como outros riscos aos emergentes a normalização da política monetária dos Estados Unidos e a queda do preço das commodities.

BOOM DE CRÉDITO - O diretor do BIS nota que muitas economias emergentes experimentaram "intensos auges de crédito" nos últimos anos. Atualmente, porém, "a combinação desses auges com um menor crescimento tem suscitado vulnerabilidades internas e externas". Caruana reconhece, porém, que "em muitos sentidos, as economias emergentes são hoje mais fortes que nos anos 80 e 90".

"Os marcos macroeconômicos melhoraram, a flexibilidade das taxas de câmbio aumentou, a infraestrutura do sistema financeiro é mais robusta e a regulação prudencial é mais restrita", diz. Além disso, o diretor do BIS nota que o desenvolvimento de mercados domésticos de dívida "livrou os países emergentes do 'pecado capital' de endividar-se unicamente em moeda estrangeira". (Fernando Nakagawa, Enviado especial - [email protected])

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