Economia

Prévia da demanda interna por produtos quimicos aponta queda de 3,1%, diz Abiquim

Na comparação de junho de 2014 a maio de 2015 com os 12 meses imediatamente anteriores, a produção e as vendas internas tiveram queda de 0,44% e 3,83%, respectivamente

Redação Folha Vitória
 Demanda doméstica por produtos químicos de uso industrial caiu 3,1% de janeiro a maio de 2015 Foto: Divulgação

São Paulo - A demanda doméstica por produtos químicos de uso industrial caiu 3,1% de janeiro a maio de 2015, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento preliminar da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). No período, as vendas ao mercado interno de produtos fabricados no País recuaram 2,1% e as importações tiveram queda de 16,5%.

Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, uma vez que a química está presente na base de diversas cadeias industriais que suprem clientes de uso final, seu desempenho é um indicador antecedente relevante da atividade econômica, que não dá sinais de melhora para o mercado interno, pelo menos no curto prazo. "Em paralelo à redução da demanda direta por produtos químicos, tem sido fator de preocupação a possível substituição da demanda desses produtos por importação de bens acabados", afirma.

Por outro lado, a Abiquim informou que, de janeiro a maio, o índice de produção teve alta de 3,06%. O avanço é explicado pela base deprimida de comparação e pelo significativo aumento das exportações, que avançaram 20,6% nos primeiros cinco meses do ano. Esse fator, segundo Fátima Giovanna, ajudou a manter o nível de utilização da capacidade instalada estável, em 79%. Como o segmento opera em processo contínuo, reduzir a produção pode acarretar em aumento dos custos. Por isso, a busca por mercados alternativos, ainda que não remunerem as empresas brasileiras adequadamente, é um caminho natural para manter a atividade em níveis seguros de produção.

Na comparação de junho de 2014 a maio de 2015 com os 12 meses imediatamente anteriores, a produção e as vendas internas tiveram queda de 0,44% e 3,83%, respectivamente. O uso da capacidade total das plantas foi de 80%, quando deveria estar entre 87% e 90%, segundo a Abiquim. "As empresas só conseguirão planejar novos investimentos quando essa ociosidade se reduzir", alerta Fátima Giovanna.

Custos

A Abiquim avalia que, além da crise na indústria local, a elevação dos custos de produção no mercado interno, especialmente de energia e das matérias-primas, bem como as deficiências logísticas e a alta carga tributária, têm impactado direta e indiretamente no segmento de químicos de uso industrial.

"A falta de competitividade e isonomia dos segmentos mais expostos ao mercado internacional é evidente e vem se acentuando nos últimos meses. A melhora da demanda, advinda da elevação do poder de compra da população brasileira nos últimos dez anos, não se refletiu em aumento da produção da indústria nacional, que está estagnada. As importações é que se beneficiaram do crescimento da demanda", diz Fátima Giovanna.

A especialista lembra que o cenário de curto prazo é de precaução e incertezas, mas ressalta que o setor precisa trabalhar com uma visão de longo prazo. "O setor carece de ações que estimulem as atuais plantas a retornarem suas operações, bem como medidas estruturantes, que atraiam investimentos", afirma.

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