Economia

Acrefi reduz projeções do mercado de crédito para pessoa física e jurídica

Redação Folha Vitória

A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) revisou suas estimativas sobre o mercado de crédito em 2018. Na carteira de crédito de recursos livres para pessoa física, foi feito um corte de dois pontos porcentuais. "Estávamos com projeção de 7%, revisada para 5% após a greve dos caminhoneiros", disse o economista-chefe da entidade, Nicola Tingas, durante coletiva online de imprensa para apresentação de pesquisa sobre confiança do consumidor.

Já na carteira de crédito para pessoa jurídica, a expectativa também é de expansão menor. "No começo do ano era 3%, mas está entre 1,5% a 2%. Ainda não temos informações dos efeitos secundários da greve", comentou o economista.

No início desta semana, a Acrefi havia anunciado a revisão de crescimento do PIB em 2018, de 2,2% para 1,7%. "Fizemos esta revisão considerando efeitos primários da greve dos caminhoneiros. Já havíamos cortado anteriormente a projeção de alta de 3,0% para 2,2%, em função da retomada mais lenta. Vamos acompanhar agora se haverá efeitos secundários fortes em variáveis como estoques, taxas de inflação e de juros", disse. "Para 2019, a previsão é de alta entre 2,0% e 2,5%", comentou.

Para o fim do ano, a entidade espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantenha a taxa básica de juros em 6,50% ao ano. Já a projeção da Acrefi para o IPCA ao fim de 2018 é de 4%, enquanto a previsão para a taxa de câmbio é um dólar a R$ 3,90, "muito exposto a oscilações", explicou Tingas.

Confiança dos consumidores

Melhorou, até abril deste ano, a percepção do brasileiro sobre o cenário econômico e em relação às finanças pessoais, revela a pesquisa Perspectivas, realizada pela Acrefi e pela Kantar TNS. Ao mesmo tempo em que a parcela de brasileiros otimistas com o futuro saltou de 23% na última pesquisa (outubro de 2017) para 29% em abril, o grupo de entrevistados que se dizia pessimista recuou de 9% para 5%. Outros 60% se disseram preocupados e 6% demonstraram resignação.

Sobre a situação atual, o levantamento verificou que 24% entende o momento como regular, 3% como bom e 1% entende que está ótimo. Do outro lado, a avaliação de ruim (34%) ou péssimo (38%) corresponde a 72% dos entrevistados. Vale lembrar que o levantamento foi finalizado antes da deflagração da greve dos caminhoneiros e dos desdobramentos políticos e econômicos decorrentes da paralisação.

O presidente da Acrefi, Hilgo Gonçalves, reconheceu que a greve dos caminhoneiros terá efeitos sobre a economia e a confiança dos consumidores. "Seguramente houve impacto. Temos relatos de diversos setores, como no agronegócio, na indústria, é prudente aguardar um pouco", disse, durante a coletiva de imprensa online. "Na área de crédito, temos informações que o ritmo de empréstimos diminuiu sensivelmente no período, mas prefiro olhar o lado positivo: espero que os lideres do País tenham aprendido com este momento e possamos evitar situações como esta daqui para frente", afirmou.

A parcela de brasileiros temerários sobre o crescimento do PIB também chegou ao menor nível histórico, no patamar de 26%. Em relação à taxa de juros, 50% acreditavam em uma piora em abril, também na menor marca desde o início do levantamento.

De olho nas eleições presidenciais, a pesquisa da Acrefi/Kantar mostra que 22% dos brasileiros entendem a Educação como prioridade número um, seguida por Saúde. Também tiveram destaque a Reforma Política (13%), Crescimento Econômico (12%), Geração de Empregos (11%) e Segurança (10%).

Em meio às incertezas políticas, 30% dos entrevistados afirmaram que esperam uma melhora significativa da situação econômica do Brasil apenas em 2019. Outros 20% acreditam que a melhora só ocorrerá em 2020. Apenas 1% espera melhoras no primeiro semestre deste ano, enquanto outros 14% acreditam numa melhora no segundo semestre.

Finanças Pessoais

Tanto a situação financeira pessoal, quanto a perspectiva sobre o padrão de vida atingiram as máximas históricas de otimismo, com 46% e 40%, respectivamente. A capacidade pessoal de fazer investimentos e fazer compras para a casa também cresceu na medição de abril. No maior patamar da série, 31% acreditam que vão melhorar nos investimentos, enquanto 39% se mostraram otimistas com as compras domésticas.

A disposição do brasileiro em poupar voltou a crescer ligeiramente em abril, para 81%, após marcar 80% em outubro. Ao mesmo tempo, a propensão a contrair um financiamento atingiu a máxima histórica aos 28%, saltando 10 pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior. Dentre os itens de financiamento, automóvel (53%) e imóvel (44%) estão muito à frente da terceira colocação (empréstimo pessoal, 17%).

Mesmo diante da deterioração do mercado de trabalho, caiu de 62% para 60% o número de entrevistados que acreditam numa piora do desemprego nos próximos meses. A percepção de segurança em relação ao próprio emprego mostra que 57% das pessoas estão atentas (29%) ou preocupadas (28%).

Conforme a pesquisa, mais da metade dos brasileiros (52%) têm contas em atraso. Deste grupo, as contas domésticas (TV a cabo, luz, água, condomínio, aluguel) correspondem a 52% do total. Também aparecem com destaque os atrasos em faturas de cartão de crédito, em 39% dos casos.

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