Economia

Entidades dizem que manutenção da Selic foi acertada, mas pedem reformas

Para a CNI, dado o desaquecimento, as iniciativas para controle da inflação devem se valer de outros instrumentos que não a política monetária

O BC decidiu manter a Selic em 11% ao ano Foto: Agência Brasil

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) achou acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a Selic, taxa básica de juros da economia, em 11% ao ano. De acordo com nota emitida pela entidade logo após o anúncio, a decisão “evita o aprofundamento dos obstáculos enfrentados pela economia brasileira”. Para a CNI, “uma eventual alta dos juros, com majoração do custo de financiamento de projetos de investimento industrial e de crédito ao consumo, agravaria as dificuldades da atividade produtiva”.

A instituição reconhece a aceleração da inflação, mas destaca que os indicadores mostram um cenário de atividade econômica desaquecida. “A produção industrial, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caiu pelo terceiro mês consecutivo em maio”, diz o comunicado, que ressalta a redução nas expectativas de mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos no país). O último boletim Focus, pesquisa semanal com projeções de instituições financeiras, prevê alta de 1,05% para o indicador em 2014.

Para a CNI, dado o desaquecimento, as iniciativas para controle da inflação devem se valer de outros instrumentos que não a política monetária. “É crucial que a decisão de manter juros estáveis seja acompanhada de medidas fiscais menos expansionistas e de maior foco na manutenção de investimentos públicos. Sem uma ação coordenada, corre-se o risco de um cenário ainda mais preocupante: crescimento próximo a zero e inflação acima da meta”, conclui a instituição.

A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) também se posicionou sobre a manutenção da taxa Selic. Segundo nota divulgada pela entidade, a decisão do Copom “é compatível com a conjuntura econômica doméstica”. No entanto, para a Fecomércio-RJ, “o país passou a conviver com viés desfavorável na condução da política fiscal, o que acabou por onerar ainda mais o já elevado custo país e a engessar empresários e concorrência com importados”.

Para a entidade, o cenário gera “crescimento baixo, inflação mais forte, arrefecimento do consumo e da geração de emprego”. De acordo com a nota, “é necessário analisar com cautela e profundidade as reais causas das recentes pressões inflacionárias”, já que “tomar os juros como único instrumento para conter a inflação gera impactos sobre empresários de menor porte e consumidores”. A Fecomércio-RJ defende a reforma tributária como uma das ações necessárias para mudança do quadro.