Economia

Líderes do Brics se reúnem em meio à crise das bolsas da Ásia

Redação Folha Vitória

Ufá, Rússia - O governo brasileiro "está acompanhando" a instabilidade das bolsas asiáticas, provocada pela queda abrupta dos preços das ações na bolsa de Xangai. A declaração foi feita pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao término de uma noite de reuniões entre os chefes de Estado e de governo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se encontraram na 7.ª cúpula dos BRICS, aberta ontem (8).

A turbulência nas bolsas da Ásia se tornou um dos focos de interesse da imprensa internacional presente em Ufá, no centro-sul da Rússia. Isso aconteceu porque o presidente da China, Xi Jinping, chegou à tarde, no momento em que os mercados financeiros mundiais repercutiam a queda das ações das maiores companhias listadas em bolsas de valores de Xangai e Shenzhen, que registraram ontem (8) recuos de 5,9% e 6,8%, respectivamente.

Enquanto a instabilidade atingia as bolsas de valores internacionais, Jinping participou de um encontro bilateral com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo o relato oficial do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Gui Congyou, os dois falaram sobre colaboração econômica entre os países, mas nenhuma referência direta ao movimento de pânico nas bolsas foi mencionada.

Falando de forma genérica durante o encontro com o líder chinês, Putin afirmou: "Nós estamos conscientes das dificuldades que enfrentamos, tanto em economia quanto em política internacional". "Mas, combinando nossos esforços, vamos seguramente superar todos os desafios. Vamos resolver todos os problemas", completou.

À noite, Putin e Jinping participaram de um jantar com o presidente russo, com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modri, e com os presidentes da África do Sul, Jacob Zuma, e do Brasil, Dilma Rousseff. No retorno ao hotel, questionada sobre "a explosão" nas bolsas de valores ontem (8), Dilma afirmou, surpresa: "Explosão? Que explosão?". A seguir, sugeriu que Tombini poderia comentar sobre a China "se quisesse". Tombini então afirmou: "Estamos acompanhando".

De acordo o embaixador brasileiro nos BRICS, José Alfredo Graça Lima, "nada" foi discutido sobre o tema nas reuniões de preparação sobre o comunicado final da cúpula.

Bilateral

Dilma encontrou-se ontem (8) à noite com Putin em uma reunião bilateral. O presidente da Rússia disse que as trocas comerciais entre os dois países tiveram um aumento de 15% em 2014, antes de cair ‘um pouco" no primeiro semestre. Putin disse que Rússia e Brasil precisam "fazer mais na área da cooperação de investimentos". "Precisamos trabalhar mais na possível utilização das moedas nacionais nas trocas comerciais." Dilma também afirmou que o comércio precisa ser estimulado. "Devemos continuar a trabalhar para atingir a meta dos US$ 10 bilhões no fluxo de comércio. Temos também interesse em ampliar o investimento recíproco", sugerindo que empresas ferroviárias e portuárias têm uma "oportunidade ímpar" de participar do Plano de Investimentos Logísticos.

Sobre os BRICS, Dilma lembrou a entrada em operação do Novo Banco de Desenvolvimento, dos cinco sócios do bloco que terá US$ 50 bilhões para projetos de infraestrutura, e do Fundo Contingente de Reservas, que terá outros US$ 100 bilhões para socorrer países do grupo que atravessem crises.

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