Até conseguir bico está mais difícil, diz desempregado
Faz dois anos que Djalma Alexandre da Silva, de 61 anos, está desempregado. Durante 11 anos e três meses ele trabalhou como porteiro num edifício residencial. Com a instalação da portaria eletrônica, ele e outros colegas foram demitidos. De lá para cá, Silva vive de bicos. "Pinto, faço manutenção de jardim, essas coisas... O pessoal vai me chamando para eu trabalhar por dia e eu vou", conta.
Nos dois últimos meses, ele cobriu férias na portaria de um prédio. Mas o contrato de trabalho era temporário e o serviço acabou. "Estou desempregado de novo e tenho que correr atrás de bicos."
Quando trabalhava como porteiro com carteira assinada, Silva ganhava R$ 1.300. Agora com bicos, tira entre R$ 1.200 e R$ 1.300. "Mas é sem registro", pondera o ex-porteiro, lembrando que, neste caso, não tem segurança alguma se sofrer um acidente de trabalho. Também não tem direito a férias nem a décimo terceiro salário. "A gente faz bico porque não tem outro meio."
Desde que ficou desempregado e passou a viver de trabalho informal, quem está garantindo as despesas da casa é a sua mulher. Ela também 61 anos, mas está aposentada e recebe R$ 1.100 por mês. Quando Silva consegue trabalho, a renda da família sobe e gira em torno de R$ 2 mil. Ele tem um filho adulto que mora com e ele e a esposa. Mas tem que pagar pensão e a prestação do carro. "Meu filho ajuda nas despesas quando dá."
Dificuldade. Silva diz que a vida piorou muito desde que deixou de ter um emprego formal. E do começo do ano para cá, não sentiu nenhuma reação na economia. Até encontrar bicos está mais difícil, revela.
Ele consegue serviços temporários ligados à construção civil com um empreiteiro. "O serviço de empreitada diminuiu muito, a concorrência é grande. A gente só trabalha, quando o empreiteiro pega serviço", conta.
Além de fazer bicos, o ex-porteiro compra produtos em oferta para economizar e conseguir fechar o mês. Diminuiu o consumo de água, está economizando luz nem usa mais o telefone. Começou a andar mais de ônibus para não gastar com gasolina, que está muito cara, diz ele.
No momento, Silva deve mais de R$ 1 mil num cartão de loja, usado para comprar uma TV que ele não conseguiu pagar. "Faz mais de ano e a loja cobra juros todo dia", lembra. Até agora, o ex-porteiro não conseguiu renegociar a dívida, pois não tem condições de fazer uma proposta. "Estou esperando um emprego fixo primeiro." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.