Desemprego: 'A vida do campo é boa, mas ficou muito difícil', diz trabalhador
Trabalhar na roça, como se diz no campo, já foi um grande negócio para muita gente. Hoje, porém, quem sofreu com o desemprego e teve de deixar a zona rural pensa bem diferente. "Lá na fazenda a gente via aqueles pés de cafés grandes, bonitos, e achava que teria trabalho para sempre", conta Adailson Régis de Souza, que vinha vivendo da agricultura até se mudar para a cidade no início deste ano.
Seu último emprego foi na colheita de café em uma propriedade na região de Ribeirão Corrente (SP), onde a mecanização colaborou para a redução de vagas. "Mudou tudo e a máquina ajudou nisso", diz Souza se referindo a equipamentos que chegam a fazer o trabalho de cem homens na lavoura.
Quem também foi vítima da redução de vagas é Arnaldo Andrade. Ele trabalhava como tratorista na Fazenda São João, na entrada de Franca (SP), e que por estar em área de expansão urbana teve boa parte de sua plantação de café derrubada para dar lugar a loteamentos de casas.
Mineiro, resolveu ficar na cidade paulista, mas hoje trabalha como motorista em uma empresa de blocos de concreto. "A vida no campo é boa e, para quem gosta do trabalho, melhor ainda. Mas ficou muito difícil", lamenta.
A perda de vagas não é exclusividade de São Paulo e também é sentida em outros Estados. Já quem demite culpa o custo com produção, transporte, armazenamento e pessoal. Este último item foi o motivo que levou um agricultor do sul da Bahia a derrubar 450 mil pés de café e demitir 600 funcionários em dezembro passado. Wanderlino Bastos alegou na época que "sofria muita pressão" por causa de encargos, burocracia e exigências da Justiça do Trabalho no que se refere aos direitos dos empregados.
Levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, através do projeto Campo Futuro, aponta que em 2017 os agricultores tiveram receita suficiente apenas para cobrir as despesas rotineiras da atividade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.