Economia

Superávit em contas externas soma US$ 435 milhões em junho

A estimativa atual do BC, atualizada em março, é de que o rombo externo de 2018 seja de US$ 23,3 bilhões

Redação Folha Vitória

Após o superávit de US$ 729 milhões em maio, o resultado das transações correntes ficou positivo em US$ 435 milhões em junho deste ano, informou nesta quinta-feira, 26, o Banco Central (BC). A instituição projetava para o mês passado estabilidade na conta corrente.

O número do mês passado ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 997 milhões a superávit de US$ 750 milhões (mediana positiva de US$ 200 milhões). A estimativa atual do BC, atualizada em março, é de que o rombo externo de 2018 seja de US$ 23,3 bilhões.

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 5,512 bilhões em junho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,119 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 2,136 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positiva em US$ 807 milhões.

No acumulado do primeiro semestre, o rombo nas contas externas soma US$ 3,586 bilhões. Já nos 12 meses até junho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 13,932 bilhões, o que representa 0,70% do Produto Interno Bruto (PIB). Este porcentual de déficit ante o PIB é o maior desde julho de 2017 (0,72%).

Remessa de lucros e dividendos

A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes foi de US$ 1,330 bilhão em junho. A saída líquida representa um volume maior que os US$ 1,231 bilhão que foram enviados em igual mês do ano passado, já descontados os ingressos.

No acumulado do ano, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 6,969 bilhões. A expectativa do BC é a de que a remessa de lucros e dividendos deste ano some US$ 24,5 bilhões.

O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 823 milhões em junho, ante US$ 1,416 bilhão em igual mês do ano passado.

No acumulado do ano, essas despesas alcançaram US$ 8,720 bilhões. Para este ano, o BC projeta pagamento de juros no valor de US$ 19,4 bilhões.

Taxa de rolagem

O Banco Central informou ainda que a taxa de rolagem de empréstimos de médio e longo prazos captados no exterior ficou em 74% em junho. Esse patamar significa que não houve captação de valor em quantidade para rolar compromissos das empresas no período. O resultado ficou acima do verificado em junho do ano passado, quando a taxa havia sido de 73%.

De acordo com os números apresentados pelo BC, a taxa de rolagem dos títulos de longo prazo ficou em 40% em junho. Em igual mês de 2017, havia sido de 51%. Já os empréstimos diretos atingiram 97% no mês passado, ante 76% de junho do ano anterior.

No semestre, a taxa de rolagem total ficou em 87%. Os títulos de longo prazo tiveram taxa de 128% e os empréstimos diretos, de 75% no período. O BC estima taxa de rolagem de 100% para 2018.

Dívida externa bruta

A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em junho é de US$ 314,381 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2017 terminou com uma dívida de US$ 317,305 bilhões.

A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 255,757 bilhões em junho, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 58,624 bilhões no fim do mês passado.

Investimento em ações brasileiras

O investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou negativo em US$ 2,001 bilhões em junho, informou o Banco Central. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido negativo em US$ 993 milhões.

No acumulado do primeiro semestre, o saldo ficou negativo em US$ 1,757 bilhão. Pelos cálculos do BC, o saldo das operações de investidores estrangeiros no mercado brasileiro de ações será positivo em US$ 3,0 bilhões em 2018.

O investimento em fundos de investimentos no Brasil ficou positivo em US$ 104 milhões em junho. No mesmo mês do ano passado, ele havia sido negativo em US$ 49 milhões. No acumulado do primeiro semestre, houve retiradas de US$ 2,124 bilhões dos fundos de investimentos.

Já o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no País ficou negativo em US$ 1,128 bilhão em junho. No mesmo mês do ano passado, havia ficado negativo em US$ 1,772 bilhão.

No semestre, o saldo em renda fixa ficou positivo em US$ 2,745 bilhões. Para 2018, a estimativa do BC é de saldo neutro nas operações com renda fixa.

Investimento direto no País (IDP)

Os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 6,533 bilhões em junho, informou o Banco Central. O resultado ficou ligeiramente acima do teto do intervalo de estimativas apuradas pelo Projeções Broadcast, que iam de US$ 3,810 bilhões a US$ 6,500 bilhões, com mediana de US$ 6,000 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de junho indicaria entrada de US$ 6,0 bilhões.

No acumulado do primeiro semestre, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 29,878 bilhões. A estimativa do BC para este ano, atualizada em março, é de IDP de US$ 80,0 bilhões.

No acumulado dos 12 meses até junho deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 64,342 bilhões, o que representa 3,25% do PIB.

Viagens

A conta de viagens internacionais voltou a registrar déficit em junho. No mês passado, quando o dólar subiu 3,18% ante o real (considerando a Ptax), a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil foi de um saldo negativo de US$ 1,109 bilhão. Em igual mês de 2017, o déficit nessa conta foi de US$ 1,133 bilhão.

O desempenho da conta de viagens internacionais foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,487 bilhão em junho. Já o gasto dos estrangeiros em passeio pelo Brasil ficou em US$ 379 milhões no mês passado.

No semestre, o saldo líquido dessa conta ficou negativo em US$ 6,333 bilhões. Para 2018, o BC estima um déficit de US$ 17,3 bilhões para esta rubrica, mais que os US$ 13,192 bilhões de déficit registrados em 2017.

Estoque de ativos

O estoque de ativos brasileiros no exterior somava US$ 498,843 bilhões no fim de 2017, informou o Banco Central. O montante é o maior da série histórica do BC, iniciada em 2007. Em 2016, o montante total era de US$ 455,910 bilhões.

Os dados divulgados refletem as declarações de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE). A declaração anual é obrigatória para residentes no País detentores de ativos (participação no capital de empresas, títulos de renda fixa, ações, depósitos e imóveis, entre outros) que totalizem montante igual ou superior a US$ 100 mil no último dia de cada ano.

De acordo com o BC, os ativos brasileiros no exterior são compostos majoritariamente por investimentos diretos, situação em que um residente no Brasil detém mais de 10% do poder de voto de uma empresa no exterior.

Em 2017, US$ 386,869 bilhões do estoque de ativos externos correspondiam a investimentos diretos. Os investimentos em carteira somavam US$ 40,132 bilhões, os derivativos representavam US$ 988 milhões e outros investimentos somavam US$ 70,854 bilhões.

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