Economia

Janela de oportunidade: os desafios da governança empresarial

O caso recente das Americanas pode ser um catalizador para o desenvolvimento das melhores práticas de governança em nosso país

IBEF-ES

Foto: reprodução internet

*Artigo escrito por José Carlos Buffon Junior, advogado, empresário, sócio da Sinapse Capital e Líder do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES.

Janela de oportunidade: em breve pesquisa na rede mundial de computadores podemos encontrar algumas definições para esse termo, mas todas seguem o mesmo sentido: trata-se de um período de tempo – relativamente pequeno – que uma ideia ou produto encontra um campo fértil para seu desenvolvimento e/ou consolidação. 

A governança empresarial brasileira passa por essa oportunidade, o caso recente das Americanas pode ser um catalizador para o desenvolvimento das melhores práticas de governança em nosso país. 

Alguns fatores contribuem para isso, dentre eles, a repercussão do caso na imprensa especializada e também na não especializada, os prejuízos causados ao grande número de acionistas minoritários, impacto contábil causado a importantes instituições financeiras nacionais e estrangeiras, sem contar os efeitos secundários sentidos por todo o mercado de crédito privado brasileiro. 

De acordo com relatos de pessoas envolvidas no caso, os dirigentes da varejista ocultaram – ou esconderam – do seu balanço, durante vários anos, milhares de operações financeiras, que só no ultimo ano somam uma quantia de R$ 20 bilhões.  

Para que rombo dessa magnitude tenha ocorrido foi, sem dúvida, necessária a leniência e/ou a incompetência de alguns atores envolvidos, como as auditorias, as instituições financeiras credoras, casa de análises que indicavam compra do papel, e principalmente o Conselho de Administração das Americanas, que é no ultimo caso o responsável, dentre outras coisas, por garantir a perenidade da companhia ao longo dos anos. 

Casos como esse não são novidade no Brasil. Podemos citar caso recente da empresa de reseguro IRB, que perdeu mais de 90% do seu valor listado em bolsa, após de ser acusada, e depois admitido, fraudes contábeis em seu balanço, caso que segue até hoje sem desfecho e sem as devidas punições do culpados. 

Investigações das autoridades competentes, como a Comissão de Valores Mobiliários, e a atuação até então da CPI da Câmara dos Deputados nos concede um certo otimismo. 

Otimismo que iremos aprender com os erros cometidos até então e, dessa forma, aprimoramos a governança das empresas brasileiras.