Economia

Alta dos preços dos alimentos na Grande Vitória é 7 vezes maior que a inflação

Produtos relacionados a alimentação e bebida tiveram uma variação acumulada de 6,95% no ano. No mesmo período, o IPCA foi de 0,92%

Foto: Divulgação

O aumento dos preços dos alimentos tem sido o principal responsável pela alta acumulada da inflação oficial na Grande Vitória ao longo do ano. Apesar de apresentar leve queda de 0,03% em agosto, na comparação com o mês anterior, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vem acumulando alta de 0,92% ao longo de 2020, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda segundo o IBGE, somente o grupo de produtos relacionados a alimentação e bebida teve uma variação acumulada de 6,95% no ano, cerca de 7,55 vezes maior do que a inflação no período. Na comparação de julho para agosto, a alta foi de 1,72%, a maior registrada entre os grupos de produtos e serviços avaliados.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Espírito Santo (Dieese-ES), o produto da cesta básica que apresentou a maior variação de preço de julho para agosto foi o tomate, que passou de R$ 2,35 o quilo para R$ 5,03, uma variação de 114,04%. Também se destacam, nesse levantamento, as altas mensais dos preços do óleo (14,69%) e da banana (5,93%).

Para o economista Eduardo Araújo, a explicação da alta dos alimentos começa no dólar e passa pelo campo, antes de chegar ao consumidor. "A gente tem uma combinação de fatores, que envolvem o dólar, a escassez dessas mercadorias no mercado interno e também fatores climáticos", ressaltou.

O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, destaca que o que ocorre nada mais é do que a lei da oferta e da procura: na falta do produto no mercado interno, o preço sobe.

"O mercado internacional procura. Nós temos uma diferença de câmbio expressiva e o que vai acontecer é que o nosso produtor vai vender seus produtos em dólar, em vez de vender em reais. O supermercadista é apenas um repassador de preço. Ele não faz o preço. Quem faz o preço é o mercado", frisou.

Outros produtos que apresentaram reajustes durante a pandemia foram o arroz, feijão e o leite. Como também são produtos da cesta básica, quem mais sente o impacto da escalada de preços é o consumidor de baixa renda. E esse foi exatamente um dos motivos que levaram Procons de todo o país, inclusive do Espírito Santo, a cobrar uma interferência do governo federal. "A gente espera que o governo federal tome medidas que ajudem o mercado. O governo federal tem esse poder", afirmou o diretor-presidente do Procon-ES, Rogério Athayde.

>> Governo zera imposto para importação do arroz até o fim do ano

Mecanismo o governo tem, mas, para Eduardo Araújo, não é simples nem rápido. "Qualquer tipo de intervenção de governo nessas relações que se dão entre consumidores e empresas é algo difícil, porque a gente vive numa economia de mercado. Naturalmente, a única arma que consumidores têm contra aumentos abusivos é fazer a substituição de produtos e tentar ao máximo evitar a compra em estabelecimentos que estão adotando alguma prática que possa ser considerada abusiva", destacou.

O problema é que até o principal trunfo do consumidor foi prejudicado durante a pandemia: a pesquisa de preços. Muita gente deixou de lado o costume de bater perna em supermercados, buscando os melhores preços, já que o hábito saudável para o bolso se tornou um risco à saúde pública.

"A arma que o consumidor tem para poder combater a alta de preços é a pesquisa de preços. Mas, com a pandemia, esse efeito de procura de preços acaba sendo prejudicado e isso também pode ser um fator que está prejudicando os preços para os consumidores", disse Araújo.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV

Pontos moeda