Economia

Presidente do BC da Austrália vê pouco incentivo para elevar juros

Redação Folha Vitória

Sydney - A concorrência e seus efeitos nos preços e o excesso de capacidade manterão a inflação na Austrália contida por algum tempo, o que oferece pouco incentivo para uma alta nos juros, na avaliação do presidente do Banco Central da Austrália (RBA, na sigla em inglês), Philip Lowe. "A continuada capacidade ociosa na economia e uma perspectiva contida para a inflação significam que não há um argumento forte para um ajuste no curto prazo na política monetária", afirmou Lowe nesta terça-feira.

As declarações são o mais recente sinal de que o BC manterá sua política por um período prolongado, apesar de decisões de outros bancos centrais globais de elevar os juros e retirar apoio a suas economias.

A fala também representa um abrandamento no tom do RBA, que argumentava há tempos que a inflação ganharia força com o tempo, conforme o mercado de trabalho fica com menos capacidade ociosa e as pressões sobre o salário avançam. As declarações são dadas um dia após o Fundo Monetário Internacional (FMI) dizer que as taxas australianas podem ter de seguir em níveis recordes de baixa por mais tempo para apoiar o crescimento econômico, a inflação e o emprego. Lowe disse que a inflação deve seguir fraca, por ora.

A concorrência entre varejistas australianas aumenta antes da chegada da Amazon. O comércio online é um fator citado por economistas e banqueiros centrais pelo mundo para o retorno lento da inflação, apesar do melhor desempenho econômico.

Lowe admitiu que algum progresso foi feito na economia rumo ao pleno emprego e a um crescimento mais forte dos preços neste ano, mas o RBA segue sem atingir os dois objetivos. Qualquer mudança na política monetária deve levar algum tempo, embora se a economia continuar a melhorar como esperado a próxima mudança nos juros deve ser para cima, não um corte, comentou o presidente do BC.

As expectativas no mercado são de que um aperto monetário ocorra mais perto de 2019 que de 2018. Os juros seguem no mesmo patamar desde agosto de 2016. O RBA hesita em cortá-los mais por temer um boom nos preços do setor imobiliário e um maior endividamento dos proprietários de residências. As medidas regulatórias introduzidas no início do ano para desacelerar o crescimento dos preços das moradias tiveram algum sucesso, o que ajuda a equilibrar os riscos políticos, na avaliação de Lowe.

Os dados de inflação do terceiro trimestre mostraram-se mais modestos que o previsto. O RBA ainda cortou suas projeções para os preços, no início deste mês.

O dólar australiano, porém, avançava nesta manhã, menos pelo tom do discurso de Lowe e mais em uma recuperação após semanas de recuos. Às 8h46 (de Brasília), o dólar recuava a 1,3195 dólar australiano. Fonte: Dow Jones Newswires.

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