Economia

Novos shoppings mudam regra de aluguel de lojas

Pesquisa divulgada ontem pela associação mostra que os shoppings devem faturar este ano R$ 143,5 bilhões, com avanço de 8% em relação a 2013

Redação Folha Vitória
Foto: Agência Brasil

São Paulo - O fraco desempenho dos shoppings neste ano deve aumentar o número de lojas vagas e já mudou a forma de negociação dos contratos de locação entre lojistas e administradores de shoppings. "2014 foi um ano muito ruim para o comércio", diz o presidente da Associação de Lojistas de Shoppings, Nabil Sahyoun. Ele lembra que, além de fatores econômicos, como inflação e juros em alta, a Copa dos Mundo e as eleições prejudicaram o desempenho do setor.

Pesquisa divulgada ontem pela associação mostra que os shoppings devem faturar este ano R$ 143,5 bilhões, com avanço de 8% em relação a 2013. É o menor crescimento registrado pelo setor desde 2009, quando a economia sentia os efeitos da crise global. Se for descontada a inflação do período, o faturamento deste ano cresce apenas 1,5% ante 2013.

Diante desses resultados e da concorrência de grandes supermercados, como o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour, que estão criando minishoppings ao lado dos hipermercados, e da concorrência dos aeroportos que viraram também áreas de consumo, os shopping centers novos começaram a negociar contratos de locação mais em conta para os lojistas.

No lugar de cobrar do lojista aluguel, condomínio e fundo de promoção, por exemplo, os administradores de shoppings propõem uma remuneração de uma parcela fixa do faturamento obtido pelo lojista. Essa participação é de 10%. Essa nova fórmula, segundo Sahyoun, alivia os custos dos lojistas, que estão muito pressionados. "Os shoppings novos estão flexibilizando as negociações."

Essa flexibilização reflete o temor dos empreendedores de que o número de lojas vagas aumente ainda mais. Segundo ele, há shoppings recentemente inaugurados que começaram a funcionar com apenas metade da área ocupada. Em 2014, a taxa de vacância nos shoppings foi a maior dos últimos dez anos. Atualmente, está em 10% e, segundo o presidente da Alshop, deverá subir para algo entre 12% e 13% no curto prazo por causa do fraco desempenho do comércio e da forte pressão de custos dos lojistas, provocada especialmente por tarifas, além da concorrência de novos empreendimentos.

Cautela

Um sinal de que os lojistas estão mais cautelosos aparece no número de lojas inauguradas. Segundo pesquisa da Alshop, 8.796 lojas começaram a funcionar nos shoppings brasileiros em 2014. É quase a metade do número de lojas que foram abertas em 2013. No ano passado, foram inauguradas 16.552 lojas em shoppings.

A cautela do setor também vem à tona em outro indicador: o número de shoppings em construção. Estão sendo construídos 134 shoppings no País, com investimentos de R$ 8 bilhões. O número de shoppings em obras neste ano é menor do que existia em 2013, com 153 empreendimentos nessa condição. O recuo no número de shoppings em obras ocorreu nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste.

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