Home office leva empresas a leiloarem itens obsoletos
O movimento reflete a decisão das empresas pelo regime remoto mesmo com o avanço da vacinação contra a covid-19
Empresas que optaram por adotar um modelo híbrido ou totalmente remoto de trabalho estão buscando leiloeiros para vender bens que ficaram em desuso nos escritórios, de móveis a aparelhos eletrônicos. Em alguns casos, até mesmo o próprio escritório está sendo colocado à venda.
O movimento reflete a decisão das empresas pelo regime remoto mesmo com o avanço da vacinação contra a covid-19. Executivos relatam que a decisão tem relação com questões que vão desde a melhora da qualidade de vida dos funcionários até a redução de custos operacionais, ao se manter parte da equipe em casa.
Um dos maiores fundos de pensão do País, a Petros, dos funcionários da Petrobras, realizou leilões de móveis e eletrônicos neste fim de ano, após optar por um modelo híbrido de trabalho. Foram colocados à venda itens como mesas, cadeiras e sofás, além de eletrônicos como celulares, tablets e impressoras.
"Os leilões estão em linha com a política de eficiência administrativa, de redução de custos e busca de receitas. Com isso, a Petros busca recuperar parte do investimento feito na aquisição desses bens, além de economizar com eventuais custos de armazenamento, considerando que adotamos o modelo híbrido de trabalho", disse o diretor de riscos, finanças e tecnologia da Petros, Leonardo Moraes.
TROCA. A Kantar Ibope Media também decidiu manter o formato totalmente remoto para algumas áreas e adotar o modelo híbrido para outras (a maioria das pessoas ficará de dois a três dias por semana em home office). Com isso, a empresa está trocando desktops por notebooks, o que facilitaria o trabalho nessas condições.
Melissa Vogel, presidente da empresa, explica que foi implementada uma política de atualização tecnológica, incluindo estações de trabalho, mouses e "headsets" (fones de ouvido com microfones acoplados). Apesar de terem sido trocados, os equipamentos antigos estão em perfeitas condições para uso pessoal e, por isso, surgiu a ideia de leiloá-los aos funcionários.
"O objetivo não é garantir recursos para a compra de novos ativos, mas uma forma de viabilizar a aquisição desses equipamentos pelos nossos colaboradores, principalmente os de baixa renda, pois o lance inicial é de aproximadamente 20% do valor de mercado", acrescenta Melissa Vogel.
QUEM DÁ MAIS. Uma das principais empresas do setor, a Sato Leilões realizou neste ano cerca de 30 leilões específicos de desativação de espaços de empresas, uma quantidade recorde. Os leilões realizados incluíram desde itens de escritório, como cadeiras e mesas de R$ 50 a R$ 200, até imóveis avaliados na casa de alguns milhões de reais.
Segundo Antonio Hissao Sato Junior, fundador da Sato Leilões, os leilões de desativação não ocorrem por falências de empresas, mas pela opção do regime de trabalho remoto. Os clientes mais frequentes são multinacionais europeias, embora também haja companhias privadas nacionais e fundos entre os clientes.
"Os funcionários dessas empresas acabam tendo espaços de coworking, para reuniões semanais. E esses espaços têm o próprio mobiliário", explica o fundador da Sato, que tem operações em São Paulo, no Rio e em Brasília. "O mercado de leilões está muito aquecido, inclusive em outros segmentos, com o mercado de carros."
Outra empresa responsável por realizar os leilões é a Superbid, sediada em São Paulo. Ana Matheus, gerente comercial do Grupo Superbid, explica que os compradores são pequenas empresas que buscam móveis e equipamentos por preços mais em conta e também pessoas físicas que desejam montar um home office.
"Vemos uma procura muito grande principalmente por cadeiras, já que todo mundo está montando um pequeno home office em casa, por estação de trabalho, aquelas com tamanho maior, pois algumas pequenas empresas estão remodelando o escritório e comprando um mobiliário menor", diz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.