Economia

ARTIGO| Como impactar a cultura corporativa com ações de comunicação eficazes

Por sermos influenciados pelo comportamento de nossos vizinhos, colegas e demais pares, seria muito útil para uma empresa, ao tentar fomentar aspectos éticos em sua cultura, compartilhar condutas éticas realizadas por um (ou mais) de seus membros

IBEF-ES

Redação Folha Vitória
Foto: reprodução / freepik

*Artigo escrito por André Paris, membro de Comitê Qualificado de Conteúdo (CQC) do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças (IBEF-ES)

Continuando a série de textos sobre como uma empresa pode influenciar o comportamento de seus funcionários e, por extensão, sua cultura corporativa, compartilho neste texto mais um método tradicional para o direcionamento de comportamentos, o qual envolve a comunicação de comportamentos éticos e os impactos da influência que grupos podem exercer sobre indivíduos.

Comunicação de comportamentos éticos

Como apontam Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein, um dos reflexos de nossa “irracionalidade” é o fato de que nós, como humanos (a menos que você seja um “econo”), somos suscetíveis à influência social (o efeito que comportamentos de outras pessoas podem ter nos nossos).

Em 1955, o psicólogo Solomon Eliot Asch realizou um experimento com cento e vinte e três participantes. Em seu experimento, os participantes foram divididos em grupos de cinco a sete indivíduos. Depois de agrupados, os participantes receberam uma tarefa muito simples: bastava olhar a linha desenhada em um cartão e depois responder a uma série de doze perguntas, todas pedindo que olhassem três linhas e indicassem qual delas tinha o mesmo comprimento que o da linha desenhada no cartão.

Leia também: Como impactar de forma efetiva a cultura corporativa

O que os participantes não sabiam era que, em cada um dos grupos, apenas um indivíduo estaria tentando acertar todas as respostas, os demais foram instruídos a dar a resposta errada propositalmente após a terceira questão (mesmo que a resposta claramente não fosse a correta).

Você acredita que quais foram os resultados do experimento? Se as respostas dadas estivessem obviamente erradas, não importaria quantos indivíduos as dessem e o participante ainda assim escolheria a resposta correta, apesar das escolhas feitas pelos outros membros de seu grupo, certo?

Os resultados revelaram que quase 75% dos participantes acompanharam as respostas do seu grupo pelo menos uma vez, mesmo que a resposta dada estivesse claramente incorreta.

Portanto, por sermos influenciados pelo comportamento de nossos vizinhos, colegas e demais pares, seria muito útil para uma empresa, ao tentar fomentar aspectos éticos em sua cultura, compartilhar condutas éticas realizadas por um (ou mais) de seus membros com seus colegas e outras partes interessadas da organização (como parceiros de negócios ou terceiros que atuam em nome da empresa).

Para que as ações de comunicação sejam eficazes (e se tornem um lembrete constante da cultura de uma empresa e dos comportamentos considerados adequados por ela), sua frequência deve ser (desejavelmente) pelo menos uma vez por semana. É claro que, devido ao tamanho da organização, isso pode significar uma tarefa impossível.

Mesmo grandes empresas podem ter dificuldade em alcançar essa periodicidade (talvez não porque não existiriam tantos exemplos de comportamentos éticos, mas sim porque não é fácil para uma organização acompanhar todas as condutas éticas realizadas por seus colaboradores).

Sabendo disso, e para ajudar as empresas a lidar com a questão acima descrita, as áreas de compliance e de comunicação poderiam compartilhar com os colaboradores da empresa exemplos históricos de comportamentos éticos, bons exemplos de outras organizações, casos em que foi escolhido um caminho antiético (e seus consequências para quem o tomou) etc.

No próximo texto da série sobre economia comportamental e compliance irei tratar sobre o conceito de “Nudge” (empurrõezinhos), conceito criado por Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein e sobre as implicações de um experimento sobre honestidade conduzido pelo economista comportamental Dan Ariely.

Pontos moeda