Economia

Novo controlador da Reman eleva preço do gás de cozinha um dia após privatização

Novo controlador da Reman eleva preço do gás de cozinha um dia após privatização Novo controlador da Reman eleva preço do gás de cozinha um dia após privatização Novo controlador da Reman eleva preço do gás de cozinha um dia após privatização Novo controlador da Reman eleva preço do gás de cozinha um dia após privatização

Um dia após a privatização da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) pela Petrobras, o novo controlador, a Refinaria de Manaus (Ream), do grupo Atem, elevou o preço do gás de cozinha em R$ 9,88 por botijão, valor que poderá subir ainda mais a partir de 31 de dezembro deste ano, quando termina o prazo de isenção dos impostos federais e estaduais do produto.

“Se a isenção dos impostos não for prorrogada, a partir do dia 31 o preço vai subir ainda mais, é um problema lamentável esse reajuste”, informou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a AmazonGás, distribuidora do Norte do País, dizendo que repassará o reajuste ao consumidor e alertando que, com a alta do produto, o uso de lenha para cocção tem aumentado “perigosamente” no estado do Amazonas.

Em Boa Vista, Roraima, alguns revendedores já adotaram o novo preço, que chega até R$ 135 o botijão de 13 quilos. Na semana passada, o valor médio do gás de cozinha praticado no estado nortista era de R$ 121,03, o quinto mais caro do Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O aumento vai na contramão da Petrobras, que reduziu o preço do produto em 5,2% em meados de novembro, ou R$ 0,20 por quilo, acompanhando a queda do petróleo, que abandonou o patamar de US$ 90 o barril do tipo Brent no mesmo período.

O alerta sobre o aumento foi divulgado pelo coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, que integra o Grupo de Trabalho de Minas e Energia da transição de governo. Segundo ele, a própria Atem, grupo que comprou a Reman por R$ 257,2 milhões no último dia 30 de novembro, já informou que novos aumentos poderão ser realizados.

“A venda da Reman e seus ativos logísticos foi concluída no apagar das luzes, a 30 dias da posse do novo governo, criando mais um monopólio regional privado contra o cidadão brasileiro. A refinaria foi vendida a preço de banana por uma administração especialista em liquidação do patrimônio público” , afirmou Bacelar em nota, ressaltando que a venda da unidade está sendo questionada na Justiça pela FUP, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) e o Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas (Sindipetro).

Além de ação popular, há ainda reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional. A questão foi levada também à equipe de transição do governo eleito e encaminhada ao Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MPTCU).

O advogado Ângelo Remédio, da Advocacia Garcez, que representa os petroleiros na ação, explica que o processo está em fase de julgamento da ação jurídica contra a venda da refinaria, com questionamentos sobre o valor de venda e criação de monopólio regional privado, prejudiciais ao consumidor e à economia local.

Outra refinaria privatizada pela Petrobras, a Rlam, na Bahia, controlada pela Acelen, teve problemas com o fornecimento de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) em novembro, por conta de parada programada, o que levou à disparada no preço do produto em alguns mercados atendidos pela empresa. Para garantir o abastecimento, a Acelen teve que importar o produto.

O jornal O Estado de S. Paulo mostrou no mês passado, que a primeira medida planejada pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Petrobras é uma redução no preço do gás de cozinha, com a retirada do produto da política de preço de paridade internacional (PPI) de forma mais acelerada que outros derivados, como a gasolina e, sobretudo, o diesel.