O Espírito Santo alcançou a segunda posição no Índice de Inovação dos Estados e a oitava colocação no eixo de competitividade, segundo o levantamento mais recente do Centro de Liderança Pública (CLP). Esse índice avalia aspectos, como sustentabilidade fiscal, infraestrutura, segurança, capital humano e eficiência da máquina pública.
Em 2024, apenas quatro estados alcançaram a nota máxima na Capacidade de Pagamento (Capag) do Tesouro Nacional, um indicador que mede a saúde financeira de estados e municípios. Espírito Santo, Paraná, Tocantins e Mato Grosso do Sul figuram entre os poucos com classificação A.
No caso capixaba, essa posição de destaque não é fruto de ações pontuais nem de projetos simbólicos de curto prazo. É resultado de um modelo de gestão consistente, aprimorado ao longo de diferentes ciclos de governo, com foco em eficiência administrativa, responsabilidade fiscal e um ambiente institucional estável.
Esse equilíbrio das contas públicas permite maior capacidade de investimento, reduz a dependência de transferências federais e transmite segurança para os agentes econômicos. Além disso, essa previsibilidade se estende ao ambiente regulatório.
Com legislações mais claras, menor volatilidade normativa e maior digitalização dos serviços, o Espírito Santo criou um ecossistema em que o tempo, o custo e a incerteza associados ao cumprimento das obrigações legais são menores. Esse cenário tem impacto direto na produtividade, na competitividade das empresas locais e na atração de novos investimentos.
Fomento à Cooperação Público-Privada e Simplificação Tributária
O ambiente construído favorece a cooperação público-privada, com canais institucionais de diálogo e participação ativa do setor produtivo na formulação de estratégias econômicas. O Programa de Concessões e Parcerias (Propar-ES), a atuação integrada com o setor portuário e os esforços de simplificação tributária são exemplos concretos de como a gestão estadual busca alinhar o interesse público com a lógica de mercado.
No setor da construção civil, que é dependente de estabilidade institucional e capacidade de execução, os efeitos desse contexto são evidentes. O tempo de aprovação de projetos é mais previsível, a tramitação de processos é mais objetiva e as interlocuções técnicas são mais produtivas. Com isso, a previsibilidade reduz riscos operacionais e financeiros, e permite decisões de alocação de capital com maior segurança.
Crescimento e Competitividade da Base Produtiva Capixaba
Essa base institucional sólida também se reflete na evolução da base produtiva capixaba. O Espírito Santo tem registrado crescimento acima da média nacional em setores como energia, mineração, celulose e logística. A governança institucional e o investimento em infraestrutura ampliam a competitividade regional e viabilizam operações integradas entre os setores público e privado. É importante destacar, nesse contexto, que o avanço em indicadores de inovação e competitividade não depende apenas de iniciativas tecnológicas. Esses resultados derivam, principalmente, da qualidade da gestão pública, da coerência das políticas fiscais e da estabilidade das instituições.
A inovação, portanto, não deve ser entendida como um programa isolado, mas sim como a consequência natural de um ambiente racional de gestão, em que decisões são tomadas com base em dados, metas e capacidade de entrega. Com isso, o Espírito Santo demonstra que, ao contrário do senso comum, não há contradição entre responsabilidade fiscal e desenvolvimento econômico.
Ao garantir um Estado funcional, qualificado e com regras previsíveis, cria-se a base necessária para que o setor privado prospere com autonomia e continuidade. Sempre que o Estado entrega com eficiência, o mercado responde com expansão, aumento de produtividade e crescimento da base tributária, fechando o ciclo de forma sustentável.
Em um país no qual muitos estados continuam presos a debates elementares sobre equilíbrio fiscal, o Espírito Santo avança de forma consistente. O mérito está na continuidade das boas práticas administrativas, na capacidade de preservar instituições técnicas e na clareza quanto ao papel do Estado como facilitador, e não protagonista, a atividade econômica. Por fim, o case capixaba não representa uma exceção ocasional, e sim uma evidência de que, mesmo no Brasil, é possível construir um ambiente público que funcione. E, quando isso ocorre, a inovação deixa de ser uma promessa e passa a ser um dado de realidade.