
Artigo de José Neto Rossini Torres, Gestor Comercial e Assessor de Investimentos Alta Renda. Advogado e autor dos livros “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade”.
O recente Grande Prêmio de São Paulo movimentou mais de R$ 1,2 bilhão na economia paulista, segundo dados da prefeitura. Além disso gerou mais de 18 mil empregos temporários. Hotéis lotados, bares e restaurantes em alta e uma exposição internacional que transforma a cidade em vitrine global por alguns dias. Porém o que poucos percebem é que o segredo do sucesso da Fórmula 1 vai muito além dos motores. Ele está no modelo de negócios Asset Light, um conceito que carrega lições importantes para qualquer cidade ou empreendedor que busca crescimento sustentável.
O modelo Asset Light se baseia na ideia de escalar sem a necessidade de grandes investimentos físicos. Em vez de ser dona de autódromos, a Fórmula 1 terceiriza a infraestrutura. Nesse sentido, governos e cidades-sede arcam com os custos de pista, logística e operação. Já a F1 se concentra no que gera maior valor, ou seja, a marca, os direitos de transmissão e os patrocínios globais. É um formato enxuto, lucrativo e altamente replicável. Nesse sentido transformou um esporte em um ecossistema bilionário de entretenimento e tecnologia.
Esse mesmo princípio poderia ser observado em escala regional, especialmente em cidades como Vitória, que possuem estrutura, localização e atrativos suficientes para sediar eventos de grande porte. Porém, ainda ficam à margem do circuito nacional. Um exemplo claro é a Stock Car, maior categoria do automobilismo brasileiro, que poderia colocar a capital capixaba no mapa esportivo e econômico do país. Um evento desse porte geraria um ciclo virtuoso de investimentos em infraestrutura, turismo bem como serviços. E ainda com impacto direto no comércio local e na visibilidade do Espírito Santo.
Mais do que corridas, o que está em jogo é a mentalidade de gestão pública e empresarial. Enquanto São Paulo e Rio entendem o valor de investir em experiências que se pagam com o tempo, Vitória ainda hesita. A cidade poderia adotar uma lógica semelhante à da Fórmula 1. Nesse sentido, usar parcerias estratégicas com a iniciativa privada para captar eventos, atrair mídia bem como gerar receita sem sobrecarregar o poder público.

Coordenar ativos com inteligência
O modelo Asset Light mostra que o sucesso não depende de possuir tudo, mas de saber coordenar bem os ativos e gerar valor com inteligência. Vitória, com sua vocação natural para inovação e logística, poderia se tornar palco de eventos que movimentam a economia e reforçam seu posicionamento como uma das capitais mais promissoras do país, se adotar a visão certa.
No fim, assim como a Fórmula 1, crescer é sobre acelerar com leveza e estratégia. DO mesmo modo o Espírito Santo não pode continuar assistindo a corrida da arquibancada.