
Uma marca capixaba descobriu a economia circular na veia e quer aproveitar o momento para crescer em um mercado promissor no ES. E tem milhares e milhares de vestidos para isso. A Tons quer alinhar a venda de roupas com o aluguel, fórmula que já tem dado resultado. Hoje, a marca já fatura R$ 1 milhão somando vendas e locações. Com oito lojas (seis no ES e duas em Minas) já tem loja que divide os dois segmentos em 50%, o que aponta para uma tendência de mercado que tem a ver com sustentabilidade, racionalidade e, ainda, forte influência das redes sociais.
Com as redes sociais, ninguém mais quer repetir roupa. As pessoas aparecem muito, toda hora. Então, não faz mais sentido comprar um vestido de festa. Vale muito mais a pena alugar.
Ana Cláudia Groberio, sócia da Tons
Ela conta que as margens de lucro caíram muito na venda de roupas. Movimento que se intensificou no pós pandemia. Um dos fatores é o aumento de vendas pela internet. A indústria das “blusinhas dos sites chineses” também influenciou a redução das margens de 30% para 10%.
Com o aluguel, a lucratividade voltou a aproximadamente 20% e a empresa mira 24% no próximo ciclo. Para isso, a Tons desenvolveu com a Totvs um sistema exclusivo para controle de locações de vestidos. O processo exige bloqueio de datas, contrato, higienização e cadastro individual de cada peça. A implementação levou quase três meses. Entretanto, o recurso tornou o modelo escalável para as lojas da marca, na Glória, em Laranjeiras, na Praia do Canto, em Montanha, em Ipatinga, Caratinga e Valadares. A oitava loja, no Shopping Vitória, ainda não trabalha com aluguel.
A operação de aluguel também ampliou o fluxo de clientes e impulsionou vendas de acessórios e calçados. Ou seja, a consumidora retorna à loja até quatro vezes durante o processo de locação. Nesse sentido, segundo Ana Cláudia, a dinâmica eleva o faturamento bruto mesmo em meses historicamente difíceis. “A pessoa vem à loja, vê outros produtos e acaba comprando”
Consignado de vestidos é próximo passo
Para 2026, a Tons prepara o lançamento de uma modalidade de consignado de vestidos usados. Nesse sentido, o serviço permitirá que as clientes incluam peças no estoque da empresa. Ou seja, modelos atuais e atemporais poderão ser alugados ou até revendidos com regras específicas de prazo e comissão. Embora a conta final ainda esteja em estudo, o objetivo é profissionalizar o mercado de segunda mão. O segmento cresce no mundo todo e reforça práticas sustentáveis no varejo de moda.
Mesmo com o novo serviço, a empresa prevê um ano de 2026 desafiador. Ano que vem tem eleições, Copa do Mundo e um período de incerteza por causa da reforma tributária. Mesmo assim, a Tons projeta crescimento modesto de cerca de 5% no próximo ano. Em condições normais, a empresa cresceria entre 15% e 20%.