Economia

Orçamento sofre com indexações que puxam despesa obrigatória, diz Mansueto

Orçamento sofre com indexações que puxam despesa obrigatória, diz Mansueto Orçamento sofre com indexações que puxam despesa obrigatória, diz Mansueto Orçamento sofre com indexações que puxam despesa obrigatória, diz Mansueto Orçamento sofre com indexações que puxam despesa obrigatória, diz Mansueto

Ao comentar as limitações na proposta de Orçamento do governo para 2020, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, citou na manhã desta sexta-feira, 13, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e disse que uma reforma administrativa é urgente. “Do total de despesas de R$ 1,480 trilhão previstas na proposta do Orçamento que o governo enviou ao Congresso, 94% são gastos obrigatórios. Precisamos de um debate maduro para acabar com a indexação do Orçamento, com a progressão automática de carreiras, entre outras coisas”, afirmou, em entrevista à rádio CBN.

O secretário negou que exista uma proposta para demissão de servidores, “de acabar com a estabilidade” do funcionalismo. “Uma boa pauta de Maia é a discussão sobre reforma administrativa. Hoje, o salário de ingresso em algumas carreiras do serviço público é muito alto e o servidor chega no topo muito cedo, com 34, 35 anos. No Tesouro, por exemplo, um analista, que pode ter acabado de ser formar, entra com um salário mensal de R$ 19 mil. Isso precisa ser revisto”, defendeu.

Mansueto afirmou que, mesmo com as limitações orçamentárias, o teto de gastos não deve ser revisto, pois o problema é o “crescimento excessivo da despesa obrigatória, com indexações e obrigações”. “Mantidas as condições atuais, mesmo com teto de gastos, o governo central terá déficit primário de R$ 31 bilhões (0,4% do PIB) ao fim de 2022. Como esses resultados negativos começaram em 2014, completaríamos nove anos de déficit primário”, disse.

Por isso, acrescentou ele, a ideia do governo é “fazer um ajuste fiscal cortando a despesa, pois carga tributária do Brasil é muito alta, cerca de 10 pontos em relação ao PIB acima da média mundial”. Mansueto, então, lembrou que, para o Brasil voltar a fazer um superávit primário que fosse suficiente para colocar a dívida bruta em trajetória de queda ante o PIB, precisaria de um “ajuste fiscal de quase 4 pontos do PIB, de cerca de R$ 280 bilhões, em relação ao nível atual”. Segundo ele, isso precisa ser debatido junto ao Congresso – e Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, são bons interlocutores.

O secretário do Tesouro disse ainda esperar que o plano de socorro a Estados e municípios, elaborado por ele, seja aprovado no Congresso ainda neste ano. Perguntado sobre o fato de o relator do projeto na Câmara e líder do PDT, André Figueiredo (CE), estudar uma forma de que Estados com selos de bons pagadores (A e B) também sejam beneficiados, Mansueto disse não entender a demanda do parlamentar. “Estados com nota A e B já têm acesso a mais crédito, já têm mais espaço para contratação”, justificou.

Mansueto acrescentou, no entanto, que seu “plano” é pequeno não se destina a “salvar” Estados e municípios. “Só o controle da despesa com pessoal, ativo e inativo, pode salvar as contas de Estados e municípios. E isso só ocorre com uma reforma da Previdência. Se os Estados não fizerem, a situação tende a piorar mais”, afirmou.