Economia

Painel de Preços trará economia bastante significativa, diz Dyogo

Painel de Preços trará economia bastante significativa, diz Dyogo Painel de Preços trará economia bastante significativa, diz Dyogo Painel de Preços trará economia bastante significativa, diz Dyogo Painel de Preços trará economia bastante significativa, diz Dyogo

Brasília – Com problemas para fechar as contas diante de mais um ano com déficit bilionário, o governo federal segue investindo em ações para melhorar a gestão de recursos e imprimir maior transparência nas licitações. O Ministério do Planejamento lançou nesta segunda-feira, 24, o Painel de Preços, iniciativa online que permite o armazenamento, a análise e a comparação de preços de referência na aquisição de bens e contratação de serviços gerais para a administração pública.

O governo quer acabar com a grande dispersão de valores desembolsados pela administração pública por um mesmo produto. Uma bisnaga de dexametasona (anti-inflamatório) em creme, por exemplo, custa menos de R$ 1,00 na média obtida pelos órgãos públicos, mas já houve compras efetivadas pelo valor de R$ 14,00 a unidade.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, não fez estimativas de quanto o sistema pode gerar em economia para a administração federal, mas lembrou que no ano passado foram R$ 49 bilhões em compras de bens pelo governo, mais R$ 40 bilhões em contratação de serviços. “Seria chute fazer qualquer estimativa, mas é fácil perceber que haverá economia bastante significativa à medida que preços começarem a convergir para média das compras comparadas”, afirmou o ministro. “Qualquer 1% já é muito.”

A ferramenta teve um custo baixo para a União: R$ 1,5 milhão para colocar o Painel em funcionamento. Antes dessa iniciativa, diferentes órgãos desembolsavam R$ 4 milhões ao ano, no total, para contratar sistemas semelhantes da iniciativa privada. Com o instrumento lançado nesta segunda, os contratos que forem expirando não serão mais renovados, e a economia já começa por aí, destacou Oliveira.

Os gestores poderão fazer pesquisas de preços com maior qualidade e em tempo mais hábil, assegurou o ministro. Isso porque, no momento em que é feita uma licitação, os preços praticados nas contratações já alimentam automaticamente o sistema, passando a ser contabilizados nas próximas comparações. A ferramenta também permite que a pesquisa exclua contratos muito fora da média, para que não haja contaminação caso haja, no histórico, alguma compra superfaturada.

“Esperamos que, a partir da utilização frequente, tenhamos redução dos custos de aquisição de bens e serviços pelo governo federal”, disse Oliveira. “A instrução normativa de compras foi alterada para prever o Painel mecanismo prioritário para pesquisas de preços.”

O Painel será um mecanismo prioritário (não obrigatório) porque há casos muito específicos em que o gestor pode precisar recorrer a outras bases de dados ou aos próprios fornecedores para verificar os preços e efetuar a pesquisa. Neste caso, no entanto, será preciso justificar essa opção. Por outro lado, mesmo em casos de compras com dispensa de licitação, o Painel poderá ser utilizado como referência de preços.

O ministro do Planejamento acredita que a ferramenta vai contribuir para uma fiscalização mais eficiente da aplicação dos recursos públicos. “As compras que vierem a ser realizadas e se destacarem por estarem de maneira exagerada distante da média evidentemente passarão por alguma avaliação dos órgãos de controle”, assegurou. “Haverá algum tipo de punição a gestores que praticarem preços elevados, mas apenas nos casos sem justificativa”, frisou.

Para facilitar o acompanhamento dos órgãos de controle, o gestor terá de detalhar, durante o processo de licitação, o método utilizado para chegar ao preço de referência – que é o valor máximo que o governo está disposto a pagar por determinado produto ou serviço. Isso significa narrar todas as escolhas feitas dentro da ferramenta – por exemplo, a exclusão de valores muito acima da média ou a utilização de filtros por região. Para manusear corretamente o Painel, o Ministério ofereceu nesta segunda um workshop para os gestores.

O Painel de Preços exibe os preços históricos das contratações. Ou seja, caso o gestor julgue necessário para obter um preço de referência mais elevado, esses valores poderão ser atualizados. A correção monetária também precisará estar justificada pelo gestor.

“Embora haja fiscalização, acompanhamento das compras, isso hoje é feito caso a caso. Agora, com ferramenta, conseguiremos comparar conjunto diferente de compras ao longo do País todo. De fato teremos melhoria no processo de fiscalização”, disse o ministro. Estados e municípios também poderão usar o Painel para pesquisar preços de referência para suas licitações, mas eles só vão alimentar o sistema com seus contratos caso já tenham aderido ao “Comprasnet”, portal integrado de compras governamentais.

Apesar de o lançamento do painel ter ocorrido logo após a divulgação do conteúdo das delações de executivos da Odebrecht, que relataram diferentes esquemas de pagamento de propina em troca de favorecimento em licitações e concorrências da administração pública, que tinham valores superfaturados, Oliveira disse que não há relação entre a iniciativa e a “questão de fraudes que tenham ocorrido no passado”. “Estamos tratando o painel de preços como um processo de evolução da gestão pública”, disse.