Economia

País crescerá muito pouco este ano, mas 2016 será bem melhor, prevê Mark Mobius

País crescerá muito pouco este ano, mas 2016 será bem melhor, prevê Mark Mobius País crescerá muito pouco este ano, mas 2016 será bem melhor, prevê Mark Mobius País crescerá muito pouco este ano, mas 2016 será bem melhor, prevê Mark Mobius País crescerá muito pouco este ano, mas 2016 será bem melhor, prevê Mark Mobius

São Paulo – O executivo-chefe da Templeton Emerging Markets, Mark Mobius, afirmou nesta segunda-feira, 9, que o Brasil deve crescer muito pouco este ano, algo em torno de 0,3%, mas se mostrou bastante otimista em relação aos prospectos para o País no médio prazo. “Não me surpreenderia se visse o Brasil crescendo 3%, 4% em 2016”, comentou durante evento com jornalistas na sede da gestora em São Paulo.

Segundo ele, se as políticas adequadas forem implementadas, a confiança dos investidores vai melhorar e o crescimento da economia brasileira ainda receberia um impulso no próximo ano da recuperação nos preços das commodities.

O gestor afirmou que o Brasil tem muito potencial, contando com abundantes recursos naturais e uma grande necessidade de projetos em infraestrutura. Mesmo assim, ele alertou que País precisa liberalizar regras para investimento estrangeiro, acelerar privatizações e reduzir a burocracia.

“Se eu fosse presidente do Brasil, a primeira coisa que eu faria era acabar com os cartórios. Crescimento vem da produtividade e se você espera uma hora na fila de um cartório, você está perdendo dinheiro”, comentou.

Ele se mostrou otimista com a nova equipe econômica, afirmando que a presidente Dilma Rousseff parece ter percebido que suas políticas anteriores estavam equivocadas. Mobius salientou, no entanto, que quando o governo fala em ajuste fiscal está indicando principalmente um aumento de impostos, não cortes de gastos, e isso afasta os investidores.

Mobius disse acreditar que ainda há espaço para o dólar subir um pouco em relação ao real, com a taxa de câmbio com base na paridade do poder de compra indicando um nível de equilíbrio perto de R$ 2,90. Mesmo assim, ele disse que a lógica de que quando o dólar sobe é ruim para os investimentos em renda variável nem sempre é verdadeira.

Petrobras

Mobius também disse que o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, não tem um histórico exemplar para comandar a petroleira, mas é bom no relacionamento com o governo, o que lhe será útil no novo cargo. Segundo ele, a primeira coisa que Bendine deveria fazer é ser totalmente transparente, falar sobre qual é a situação da companhia e as quais são as principais dificuldades da estatal.

Mobius também comentou que Bendine deveria estabelecer um plano para que a Petrobras pague seus fornecedores. Ele estava se referindo ao caso da Sete Brasil, na qual a estatal é acionista, e que estaria inadimplente com a companhia de Cingapura SembCorp.

Mobius afirmou ainda que a Petrobras deveria começar a estudar seriamente a venda de ativos, mesmo em meio à queda nos preços do petróleo, que poderia levar a empresa a não conseguir os valores que consideraria adequados nas transações.

Corrupção

O executivo-chefe da Templeton disse, ainda, que não se surpreendeu com as recentes denúncias de corrupção da Petrobras, já que esse tipo de coisa ocorre com outras empresas e em quase todos os países. Segundo ele, a única coisa que causou espanto foram os “volumes muito grandes” de recursos que teriam sido desviados.

O gestor, que administra um fundo de US$ 40 bilhões em ativos emergentes na Franklin Templeton, disse que reduziu um pouco sua exposição a Petrobras nos últimos meses, mas isso se deveu mais a uma queda no valor dos papéis do que à venda propriamente dita das ações em carteira.

De uma forma geral, Mobius se mostrou otimista com o mercado acionário brasileiro, já que alguns papéis estão baratos e podem cair ainda mais. Ele vê oportunidades principalmente nos setores de mineração e petróleo, apesar de os bancos brasileiros estarem no topo no ranking de participação na sua carteira.

Mobius comentou que os atuais escândalos na Petrobras podem ser positivos, porque vão levar a uma melhora na gestão da companhia. Ele também disse que chega a “torcer” para um rebaixamento no rating da petroleira para o grau especulativo, porque isso deixaria as ações ainda mais baratas e abriria oportunidades.