Economia

Para Abilio Diniz, mercado já precificou perda do grau de investimento do Brasil

Mesmo assim, ele afirmou que o Brasil precisa corrigir questões estruturais, como a reforma política, o funding de campanhas políticas e a "imensa teia de aranha que é o sistema tributário"

Para Abilio Diniz, mercado já precificou perda do grau de investimento do Brasil Para Abilio Diniz, mercado já precificou perda do grau de investimento do Brasil Para Abilio Diniz, mercado já precificou perda do grau de investimento do Brasil Para Abilio Diniz, mercado já precificou perda do grau de investimento do Brasil
Empresário comentou o cenário econômico atual no Brasil Foto: Estadão Conteúdo

São Paulo – O empresário Abilio Diniz disse nesta segunda-feira, 31, que o mercado financeiro já precificou a perda do grau de investimento do Brasil. “Se as agências vierem a tirar mesmo, vai dar um balancinho um dia só e pronto”, comentou durante o Exame Fórum 2015, que acontece em São Paulo. Ele se mostrou bastante otimista com as potencialidades da economia brasileira e disse que a crise atual é essencialmente política, o que acaba afetando a economia.

Segundo ele, o déficit público é algo que precisa ser corrigido, mas não há nada iminente que cause grandes traumas na economia. “Nós temos imensas reservas internacionais e uma balança comercial no mínimo equilibrada”, comentou. Para Diniz, o governo e a iniciativa privada não são muito diferentes. Enquanto os acionistas escolhem o conselho de administração, o povo elege o presidente e o Congresso. “O que precisamos é ter as pessoas certas no lugar certo. Se o povo escolhe errado, não adianta se queixar muito. Agora, tendo as pessoas certas, os processos têm de ser organizados.”

Mesmo assim, ele afirmou que o Brasil precisa corrigir questões estruturais, como a reforma política, o funding de campanhas políticas e a “imensa teia de aranha que é o sistema tributário”. “O governo precisa se voltar para isso. Precisamos ter o mínimo de estabilidade política. É preciso reorganizar esse País”, afirmou Diniz.

Ele comentou que seria preciso trancar numa sala Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer, ou seja, ou maiores líderes do PSDB, PT e PMDB, e só abrir quando eles chegassem a um consenso para combater a crise. “Ninguém vence a crise sozinho, é preciso somar. Precisamos nos unir. Se tivermos estabilidade política, vamos ter uma solução econômica razoavelmente fácil.” Para Diniz, não adianta pedir a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, porque se ele quiser, “ele sairá sozinho”.

Acionista do Carrefour e presidente do conselho de administração da BRF, Diniz disse também que as duas empresas estão enfrentando e tomando medidas para superar as dificuldades atuais. “O País está difícil. O consumo está difícil, mas acreditamos que somos capazes. Se é marketing do Abilio ou não, estamos crescendo. Não estou ignorando o que está acontecendo no Brasil. Só acho que dá para fazer a nossa parte”, afirmou.

De acordo com Diniz, o momento atual não é o pior que ele já vivenciou em sua trajetória. Ressaltou para a plateia de executivos presentes ao evento que é preciso aumentar a produtividade do País, das empresas e do governo. Sem isso, o Brasil não vai conseguir voltar para uma rota de crescimento.