Economia

Para advogados, recuperação judicial da 123milhas pode evitar crise maior, mas afeta consumidor

Para advogados, recuperação judicial da 123milhas pode evitar crise maior, mas afeta consumidor Para advogados, recuperação judicial da 123milhas pode evitar crise maior, mas afeta consumidor Para advogados, recuperação judicial da 123milhas pode evitar crise maior, mas afeta consumidor Para advogados, recuperação judicial da 123milhas pode evitar crise maior, mas afeta consumidor

Advogados especializados em ações de recuperação judicial alertam que o pedido da 123milhas levado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais na terça, 29, poderá ter um “impacto significativo” – principalmente para os próprios clientes da agência de viagens. O valor da causa foi estimado em R$ 2,3 bilhões.

A empresa enfrenta sua pior crise após anunciar, no dia 18, que iria suspender a emissão de passagens e pacotes da linha promocional com embarques entre setembro e dezembro deste ano.

Para a advogada Giovanna Fachini, especialista em Recuperação Judicial, apesar de “não causar grandes surpresas”, o pedido da 123milhas certamente irá impactar na vida de muitas pessoas, em especial dos consumidores que compraram passagens.

“Principalmente porque não é possível ter certeza, ao menos por enquanto, de como os consumidores receberão seus créditos ou vouchers, já que qualquer pagamento deverá ser discutido dentro da recuperação judicial, com a realização de assembleia-geral de credores, convocada para o fim de aprovar, ou não, o plano de recuperação judicial que será apresentado pela empresa”, destaca Giovanna Fachini.

No plano de recuperação deverão ser propostas formas de pagamento a todos os credores, que podem conter deságios e até um longo prazo para parcelamento da dívida.

“Por outro lado, caso a empresa tenha algum fluxo de caixa, pode ser que a proposta apresentada signifique a restituição integral do valor. De todo modo, os credores precisarão acompanhar a movimentação da recuperação judicial e habilitar seus créditos, para que assim tenham a expectativa de receber alguma quantia”, orienta a advogada.

Medida preventiva

Pedro Almeida, especialista em Insolvência, Direito Societário e Arbitragem, diz que o pedido de recuperação judicial foi uma “medida preventiva”, para evitar o agravamento da situação econômico-financeira da empresa.

Ele anota que, desde as notícias envolvendo a interrupção de emissão de passagens, a agência de viagens passou a ser alvo de inúmeras ações judiciais, inclusive de órgãos que integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, como o Procon de vários Estados, Ministério Público de São Paulo, Defensoria de Minas e a própria Secretaria Nacional do Consumidor.

“A recuperação judicial centraliza as medidas constritivas perante um único juízo, o que facilita o gerenciamento da crise pelo devedor”, diz Pedro Almeida.

Marcello Vieira de Mello, advogado também com especialização em Direito Empresarial, anota que a petição da 123milhas contém pedido liminar para, não apenas suspender todos os bloqueios, penhoras e arrestos de dinheiro em conta bancária da empresa oriundos de ações movidas pelo consumidor, mas também para suspender medidas extrajudiciais. “Eles estão chamando de medidas extrajudiciais os procedimentos administrativos e inquéritos que venham a ser ajuizados pelo Procon, pelo Ministério Público, ou por órgãos do Ministério da Fazenda, contra a empresa. Ou seja, a Justiça terá, necessariamente, já no primeiro despacho, que apreciar esse pedido da empresa.”

Suspensão de bloqueios

Vieira de Mello observa que, caso a liminar seja deferida, poderá ocorrer a suspensão de todas as eventuais medidas que os Procons Estaduais e a Promotoria venham a adotar.

“Por exemplo, é muito comum nesse tipo de questão de fato que envolve interesse difuso de vários consumidores, o Ministério Público pedir bloqueios de altas quantias para garantir a indenização futura aos consumidores lesados”, lembra o advogado. “Então, se a 123milhas obtiver essa liminar, e me parece que é um dos principais motivadores desse pedido de recuperação judicial, a empresa consegue evitar esse tipo de bloqueio, de arresto, de constrição nas contas bancárias”, conclui.