Economia

Pela primeira vez, BC vê inflação dentro da meta

Em suas comunicações, o BC indicou que, no próximo encontro do Copom, em janeiro, a Selic tende a cair mais do que 0,25 ponto porcentual. O mercado prevê um corte de 0,50 ponto

Pela primeira vez, BC vê inflação dentro da meta Pela primeira vez, BC vê inflação dentro da meta Pela primeira vez, BC vê inflação dentro da meta Pela primeira vez, BC vê inflação dentro da meta
 O BC informou ainda que trabalha com uma inflação de 4,4% em 2017 – portanto, já abaixo do centro da meta, também de 4,5% Foto: Divulgação

Brasília – Pela primeira vez, o Banco Central indicou a possibilidade de a inflação ficar dentro da meta já em 2016. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 22, o BC projetou o IPCA – índice oficial de preços – em 6,5% este ano. O centro da meta para o ano é de 4,5%, mas há tolerância de 2,0 pontos porcentuais (até 6,5% de inflação).

Se confirmada, essa projeção representará forte queda ante a inflação do ano passado, que chegou perto de 11%. O BC informou ainda que trabalha com uma inflação de 4,4% em 2017 – portanto, já abaixo do centro da meta, também de 4,5%.

As perspectivas para a inflação, apesar de boas, são resultado direto da crise no Brasil. Com a recessão e o desemprego em alta, empresas de todas as áreas estão sem espaço para reajustar preços. O próprio BC reconheceu, no RTI, que a atividade está mais fraca que o antecipado e que o nível de ociosidade na economia permanece elevado. Esses fatores, na visão do BC, poderão fazer com que a inflação recue de forma mais rápida.

No último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de novembro, o BC já citava a contribuição da crise para o controle de preços. Na ocasião, o colegiado reduziu a Selic (taxa básica de juros da economia) de 14% para 13,75% ao ano. Justamente por ter optado por um corte de apenas 0,25 ponto porcentual, o BC vem sendo criticado por setores do governo, da indústria e por economistas do mercado financeiro.

Em suas comunicações, o BC indicou que, no próximo encontro do Copom, em janeiro, a Selic tende a cair mais do que 0,25 ponto porcentual. O mercado prevê um corte de 0,50 ponto.

O diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Viana de Carvalho, evitou comentar se a taxa pode cair 0,75 ponto porcentual, para 13% ao ano. “Há um processo de desinflação e o objetivo é buscar as metas nos horizontes relevantes de 2017 e 2018”, desconversou.

Para ele, em função do cenário econômico, há “certa ansiedade” com relação à calibragem dos juros no curto prazo. “O Copom tomou a melhor decisão. Nosso papel é ouvir preocupações de um lado e de outro, mas temos que analisar a conjuntura com serenidade.”

O BC revisou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 de queda de 3,3% para recuo de 3,4%. Para 2017, passou a estimar um crescimento de apenas 0,8%, ante o 1,3% calculado anteriormente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.