Economia

Perdidos com mudança de foco na meta de inflação, analistas correm ao BC

O Broadcast apurou que pelo menos quatro economistas de São Paulo se deslocaram para a sede da autarquia na segunda-feira (16) para falar com diretores

Perdidos com mudança de foco na meta de inflação, analistas correm ao BC Perdidos com mudança de foco na meta de inflação, analistas correm ao BC Perdidos com mudança de foco na meta de inflação, analistas correm ao BC Perdidos com mudança de foco na meta de inflação, analistas correm ao BC
A demanda tem sido tanta que alguns economistas chegaram a ser recebidos em duplas por diretores do BC Foto: Divulgação

Brasília e São Paulo – A mudança de foco da meta de inflação de 2016 para 2017 promoveu uma corrida extra dos analistas de mercado ao Banco Central para tentar entender a estratégia daqui para a frente. A demanda tem sido tanta que alguns economistas chegaram a ser recebidos em duplas por diretores do BC e outros aproveitaram a viagem a Brasília para fazerem mais de uma reunião no mesmo dia com diferentes interlocutores. O ponto de partida das audiências foram as incertezas em relação à inflação.

Há dúvidas sobre como os preços se comportarão em meio à recessão. Economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, afirmaram que os porta-vozes do BC que os receberam foram firmes ao reforçar que a equipe trabalha para levar a inflação ao centro meta daqui a dois anos. O resumo dos encontros foi o de que ninguém está realmente certo do que vai acontecer. A torcida é para que a retração econômica ajude a fazer o trabalho do BC de levar o IPCA a convergir para o alvo no tempo esperado.

O Broadcast apurou que pelo menos quatro economistas de São Paulo se deslocaram para a sede da autarquia na segunda-feira, 16, para falar com diretores. Segundo a assessoria de imprensa do BC, foram “reuniões de rotina”.

Além disso, três membros do Comitê de Política Monetária (Copom) saíram do Distrito Federal. Otavio Damaso (Regulação) e Anthero Meirelles (Fiscalização) estavam em São Paulo na terça-feira, 17, e segunda-feira. Aldo Mendes (Política Monetária) foi ao Rio de Janeiro. Nos três casos, a agenda oficial trazia que os diretores participariam de atividades de trabalho nas capitais, mas sem compromissos públicos. Sabe-se, no entanto, que na maioria das vezes, encontros com economistas são agendados nessas ocasiões.

A mudança de atuação do BC em relação ao período para trazer a inflação para o centro da meta, conforme o diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, explicou no início deste mês, se deu porque a alta dos preços administrados está mais intensa e prolongada do que o imaginado e também por causa da indefinição sobre a questão fiscal. Esses foram os principais temas das conversas que ocorreram essa semana na sede da instituição.

Reflexo principalmente desse cenário, o Relatório de Mercado Focus de segunda-feira trouxe pela primeira vez a expectativa de que o IPCA vai encerrar o ano acima de 10% e que o índice fechará 2016 no teto da meta, em 6,50%. Para 2017, que é o novo foco do BC, a expectativa para a inflação ficou 5%.

Reuniões entre analistas de instituições financeiras e diretores do BC são comuns. Em momentos de maior volatilidade, mudanças de rumo ou indefinições, tornam-se mais frequentes. É o caso agora. Essa busca por mais informações revela que as reuniões trimestrais feitas no Rio e em São Paulo não foram suficientes para sanar todas as dúvidas do mercado. O último encontro foi realizado no início deste mês com a estreia de Altamir na Política Econômica.

A cada três meses, a pretexto da preparação do Relatório de Inflação, esses encontros são realizados com o setor privado. Na última edição, conforme apurou o Broadcast, Altamir ouviu dos economistas que a política monetária (política de juros) estaria começando a ficar sob a dominância fiscal. A teoria, até agora refutada pela autoridade monetária e por alguns economistas de renome, considera que o desarranjo das contas públicas assume uma trajetória própria que anula a eficácia da taxa de juros no combate à inflação.

Ele disse na ocasião, segundo participantes do encontro, que o BC não tem nenhum compromisso com meta fiscal e sim com a meta de inflação. Repetiu ainda que, imbuído desse compromisso com o regime de metas de inflação, o Copom fará o que for necessário para levar o índice à meta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.