Economia

Petrobras tenta reverter perda milionária com gás

O rombo financeiro, conforme apurou o jornal Estadão, está atrelado a mudanças nas regras do fornecimento de gás que a Petrobras faz anualmente para a Amazonas Energia

Petrobras tenta reverter perda milionária com gás Petrobras tenta reverter perda milionária com gás Petrobras tenta reverter perda milionária com gás Petrobras tenta reverter perda milionária com gás
Petrobras pode ter prejuízo de R$ 830 milhões este ano Foto: Divulgação

– A intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em uma intrincada conta de fornecimento de gás para a Região Norte do País poderá resultar em um prejuízo neste ano estimado pela própria estatal em R$ 830 milhões. O rombo financeiro, conforme apurou o Estado, está atrelado a mudanças nas regras do fornecimento de gás que a Petrobras faz anualmente para a Amazonas Energia, distribuidora do grupo Eletrobrás que abastece Manaus e demais cidades da Região Norte do País.

Na semana passada, em uma tentativa de reverter a situação, a Petrobras encaminhou um “pedido de reconsideração” à Aneel. A principal queixa da petroleira diz respeito a alterações que foram feitas no volume de gás contratado pela Amazonas Energia.

Pelo acordo assinado entre as empresas em 2006 – que passou a vigorar em 2010 -, a Petrobras tem de abastecer as usinas da Amazonas Energia com um volume fixo de 5,5 milhões de m³ de gás por dia, pelos próximos 20 anos. Esse pagamento é feito com um subsídio obtido pela Amazonas Energia, por meio da cobrança de um encargo na conta de luz, a chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que tem seu orçamento fiscalizado e definido pela Aneel.

Contas. Ocorre que, ao definir o orçamento da CDE e normatizar os subsídios incluídos no encargo neste ano, a Aneel reajustou o volume de gás que entende necessário para as usinas e definiu que a quantidade que será coberta pelo encargo será de 4,1 milhões de m³ por dia. Nas contas da Petrobras, isso vai lhe custar R$ 600 milhões.

“Como pode um instrumento firmado em 2006 ser subvertido por uma nova interpretação conferida pela agência, após o transcurso do prazo de mais de dez anos de sua celebração? Onde está a estabilidade jurídica?”, questionou a Petrobras, em documento ao qual o Estado teve acesso.

Segundo a petroleira, o abastecimento fixado em 5,5 milhões de m³/dia é “direito adquirido” em contrato e “não pode sofrer afronta por lei, muito menos por ato administrativo”. Foi com base nesse volume de gás, disse a empresa, que se firmaram os investimentos para construir o gasoduto de 800 km que liga a cidade de Coari a Manaus, no Amazonas.

O segundo rombo da Petrobras diz respeito a um calote da Amazonas Energia, que chega a R$ 7,38 bilhões em dívidas já reconhecidas, em valores históricos. Neste ano, a Petrobras tinha previsão de receber parcela R$ 230 milhões, mas o pagamento ficou fora do orçamento da Aneel. O Ministério de Minas e Energia, contudo, determinou a inclusão dessas parcelas no orçamento da agência.

Procurada pela reportagem, a Petrobras disse que não comentaria o assunto. A Aneel afirmou que, em reunião pública na terça-feira, vai discutir a inclusão da parcela da dívida no orçamento da CDE. Quanto à redução do volume de gás, disse que está em fase de fiscalização.