Economia

PIB perde força e cresce 0,4% no segundo trimestre, mostra IBGE

No cálculo do PIB, entre abril de junho houve alta de 0,6% nos serviços e de 0,5% na indústria. Isso compensou a variação negativa de -0,1% na agropecuária. Já o consumo das famílias subiu 0,5%, enquanto o consumo do governo recuou 0,6%.

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Prédio do IBGE: PIB desacelerou em função, principalmente, à elevada taxa de juros no país. Crédito:  Divulgação/IBGE
Prédio do IBGE: PIB desacelerou em função, principalmente, à elevada taxa de juros no país. Crédito: Divulgação/IBGE

Após uma forte alta de 1,3% no primeiro trimestre, o PIB brasileiro desacelerou para 0,4% no segundo trimestre de 2025, em relação ao primeiro. O movimento é por causa, principalmente, da elevação da taxa Selic. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também revisou o dado do primeiro trimestre, de 1,4% para 1,3%.

A mediana do mercado indicava crescimento de 0,3% para o PIB do segundo trimestre, na margem, segundo o Projeções Broadcast. As previsões iam de variação zero a alta de 0,5%.

Entre abril de junho deste ano, houve alta de 0,6% nos serviços e de 0,5% na indústria, em relação aos três primeiros meses do ano. Isso compensou a variação negativa de -0,1% na agropecuária. Já o consumo das famílias subiu 0,5%, enquanto o consumo do governo recuou 0,6%. Do mesmo modo, os investimentos caíram 2,2%.

As exportações de bens e serviços tiveram alta de 0,7%, enquanto as importações caíram 2,9%. Esses números ainda não incorporam os efeitos do tarifaço anunciado por Donald Trump. Nesse sentido, esses números devem ter impacto sobre o terceiro trimestre, já que o tarifaço ocorreu em julho, com início em agosto.

PIB puxado pelos serviços

Para a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o crescimento do PIB no segundo trimestre foi sustentado pelos serviços, uma atividade menos impactada pela alta dos juros. Do mesmo modo pelo consumo das famílias, como reflexo do mercado de trabalho e dos programas de transferência de renda.

“O que puxou esse crescimento do PIB foram os serviços, principalmente, atividades econômicas não tão influenciadas pela política monetária restritiva. Do mesmo modo, pelo lado da demanda, o consumo das famílias, pela continuação dos programas de transferência de renda e também pelo dinamismo do mercado de trabalho. Ou seja, com a continuação do crescimento do total dos salários recebidos pelas famílias”, afirmou.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, o crescimento foi de 2,2%. No semestre e no acumulado dos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2025, o PIB teve alta de 2,5% e 3,2%, respectivamente.

Em postagem em uma rede social, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comemorou o resultado do PIB. Em relação ao trimestre anterior, foi a 16ª alta consecutiva desse indicador.

“O PIB do Brasil cresceu de novo. Subiu 0,4% em relação ao 1º trimestre deste ano e 2,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado”, disse Tebet.

Resultado pouco acima das projeções

O Bradesco previa alta de 0,3% do PIB no trimestre, com crescimento mais fraco do consumo das famílias e retração dos investimentos. Já o Itaú Unibanco estimava 0,2% de alta, enquanto o Santander apostava em 0,1% de crescimento.

Para a economista Silvia Matos, do Ibre/FGV, os indicadores mensais da indústria, comércio e serviços já apontavam para um PIB mais fraco. Nesse sentido, houve uma redução nas projeções do órgão para 0,2% no segundo trimestre, um pouco abaixo do número oficial, que ficou em 0,4%.

“O segundo trimestre apresentou um arrefecimento um pouco mais intenso do que o previsto. Isso ocorreu tanto na indústria quanto nos serviços, o que nos levou a revisar as projeções para alinhá-las à divulgação dos dados”, disse Matos.

Segundo o IBGE, a produção industrial recuou 0,6% nos meses de abril e maio, e subiu apenas 0,1% em junho. O comércio, por sua vez, teve três meses consecutivos de retração: 0,3%, 0,4% e 0,1% nos meses de abril, maio e junho. Os serviços foram melhores, mas ainda assim em patamar fraco, com altas de 0,4%, 0,2% e 0,3%.

Para o economista Sérgio Vale o PIB mais fraco reflete o impacto das taxas de juros. Do mesmo modo uma desaceleração da agropecuária, após a forte expansão do setor no primeiro trimestre. Além disso, o impulso fiscal dado pelo governo federal também começou a perder efeito.

“O PIB desacelerou no segundo trimestre pelo impacto da taxa de juros e queda na margem do agro, que mantém ainda cenário de forte expansão anual. O ciclo de crescimento do PIB em torno de 3% que vimos até o primeiro trimestre sai de cena pelo efeito dos juros, mas também um impacto menor da expansão fiscal. Essa ajuda no crescimento aconteceu nos últimos dois anos, mas perdeu efeito esse ano”, afirmou Vale.