Economia

"Planejamento estratégico anual morreu", diz Silvio Meira em encontro do Ibef

O cientista e professor defendeu, durante encontro do Ibef-ES, que empresas precisam repensar governança e estratégias diariamente para se manterem competitivas no mercado

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Silvio Meira disse, durante encontro do Ibef-ES, que empresas precisam deixar para trás conceitos antigos para se manterem competitivas no mercado. Crédito: Edu Kopernick
Silvio Meira disse, durante encontro do Ibef-ES, que empresas precisam deixar para trás conceitos antigos para se manterem competitivas no mercado. Crédito: Edu Kopernick

“O planejamento estratégico anual morreu. Já faz muito tempo”. A frase é do cientista, professor e referência nacional em inovação e pensamento disruptivo, Silvio Meira. Ele defendeu que empresas precisam repensar governança e estratégia de forma diária. Do mesmo modo, afirmou que o modelo tradicional de planejamento estratégico não atende mais ao mercado contemporâneo. Para ele, líderes empresariais devem pensar estratégias diariamente, com foco não apenas no presente, mas também no futuro. “Estratégia é todo dia para o resto da vida”, completou.

A fala de Silvio Meira foi durante o Encontro do Ibef-ES 2025, que reuniu executivos e empresários para debater inovação, finanças e liderança em tempos incertos. A palestra magna foi conduzida por Silvio Meira. Ele destacou a urgência da reinvenção nos negócios e afirmou que a velocidade das mudanças exige estratégias renovadas constantemente.

O professor lembrou que a governança empresarial precisa acompanhar a nova realidade. “Vivemos tempos dinâmicos, porém a governança hoje é estática”, alertou. Segundo ele, conselhos que atuam apenas com base no passado se tornam obstáculos para o crescimento. “Não adianta pensar só com retrovisor”, afirmou. Para Meira, empresas precisam conselhos diversos, com pluralidade de experiências e visões.

Em sua fala, o cientista destacou exemplos internacionais que comprovam a necessidade de adaptação. Ele citou o caso da Land Rover, paralisada por ataques cibernéticos, e o avanço da indústria chinesa de carros elétricos, ignorado por montadoras tradicionais.

Sinais sempre estiveram lá, mas muitos negócios escolhem não ver.

Silvio Meira, cientista especialista em inovação

Para ele, esse comportamento é resultado de uma “cegueira cognitiva” provocada pelo apego ao sucesso do modelo atual.

Inovação passa por avaliar riscos

Outro ponto de destaque foi o alerta sobre auditorias e compliance. Segundo Meira, muitas empresas colapsaram mesmo após receberem certificados de saúde financeira. “Auditorias certificaram empresas saudáveis meses antes de colapsos bilionários”, lembrou. Para ele, a inovação obriga auditorias a avaliarem riscos futuros e não apenas os passados. Caso contrário, as empresas continuam presas a práticas que já não garantem sobrevivência no mercado.

Meira reforçou que o passado deve ser respeitado, mas não pode limitar a visão de futuro. “O passado paga o presente, não leva ao futuro”, disse. Para ele, empresários familiares precisam olhar além da tradição e buscar diversidade cognitiva em seus conselhos.

Experiência só no passado não basta. É preciso diversidade para compreender o que está por vir.

Silvio Meira, cientista especialista em inovação

O Encontro do Ibef-ES 2025

O Encontro do Ibef-ES 2025 teve como tema “Além da Previsibilidade: Pessoas, Mercado e Finanças na Era da Reinvenção”. A programação contou com dois painéis: “Capital Humano e Finanças: preparando líderes para cenários imprevisíveis” e “Estratégia e Valor em um mundo em transformação: do insight à execução”.

Durante sua fala, Meira destacou que pequenas empresas podem ter vantagem na reinvenção. “É muito mais fácil inovar sem legados pesados”, disse. Ele lembrou que startups e negócios emergentes conseguem reagir rapidamente às mudanças, justamente por não carregarem estruturas rígidas. Essa flexibilidade, segundo ele, pode representar uma grande vantagem competitiva nos próximos anos.

O presidente do Ibef-ES, Alecsandro Casassi, ressaltou a importância do encontro para o ambiente de negócios capixaba. “Estamos vivendo um tempo em que a previsibilidade deixou de ser regra”, afirmou. Ele destacou que o evento ajuda a preparar líderes e empresas para lidar com transformações rápidas e cenários de incerteza. Para Casassi, pensar além do óbvio é essencial para a competitividade.

Edu Kopernick

Editor de Economia

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.