Economia

Processo de desinflação amplo explica IPCA abaixo do piso da meta, diz BC

Processo de desinflação amplo explica IPCA abaixo do piso da meta, diz BC Processo de desinflação amplo explica IPCA abaixo do piso da meta, diz BC Processo de desinflação amplo explica IPCA abaixo do piso da meta, diz BC Processo de desinflação amplo explica IPCA abaixo do piso da meta, diz BC

Brasília – Para explicar as razões que levaram o IPCA a ficar abaixo do piso da meta de inflação em 2017 – 2,95%, ante o limite inferior de 3,00% -, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, alegou que a desinflação no ano passado atingiu diversos segmentos da economia, e não apenas os alimentos, principal fator para a queda do índice.

“Depois de atingir pico de 10,71% em janeiro de 2016, a inflação do IPCA acumulada em 12 meses entrou em trajetória declinante. O processo de desinflação tem sido amplo, envolvendo diferentes segmentos, embora acentuado pela redução dos preços de alimentos”, afirmou Goldfajn, em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Segundo o presidente do BC, os preços dos serviços, que tradicionalmente apresentavam variações expressivas, também arrefeceram de forma significativa. Ele apontou que, entre 2011 e 2015, a inflação do setor esteve na maior parte do tempo acima de 8,0%, mas recuou para 6,48% em 2016 e 4,53% em 2017.

Goldfajn também destacou que a inflação dos produtos industriais também seguiu trajetória descendente, de 6,22% em 2015 para 4,69% em 2016 e 1,03% no ano passado.

Por outro lado, continuou o presidente do BC, a inflação dos preços administrados subiu, principalmente no segundo semestre de 2017, chegando a 7,99% no ano passado, ante 5,50% em 2016. “Com destaque para a pressão dos preços de planos de saúde, combustíveis e energia elétrica”, enfatizou.

Goldfajn apresentou ainda a chamada decomposição de inflação, para mostrar o peso de cada fator no desvio de 1,55 ponto porcentual do IPCA de 2017 em relação à meta de 4,5%. Os cálculos do BC apontam que os choques de oferta contribuíram com 1,30 ponto porcentual (p.p.), ou 83,9% desse desvio.

Já a inflação importada teve contribuição baixista de -0,23 p.p., sendo -0,33 p.p. em função do câmbio e +0,11 p.p. decorrente dos preços das commodities. Outros fatores ainda contribuíram com -0,08 p.p. para o desvio em relação à meta.

Segundo Goldfajn, a inércia do ano anterior teve contribuição apenas marginal para o desvio da meta em 2017, em função do declínio acentuado da inflação já em 2016. “As expectativas de inflação medidas pela pesquisa Focus ficaram bem ancoradas e contribuíram para desvios da inflação em relação à meta”, completou.

A carta aberta traz as justificativas do Banco Central para o fato de a inflação

oficial de 2017, divulgada nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ter ficado abaixo de 3,0%, em 2,95%. O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2017 era de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3,0% e 6,0%). Pelas regras do regime de metas, sempre que a inflação fugir do intervalo estabelecido, o presidente do BC precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda – que é, tecnicamente, o presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pelo estabelecimento das metas.

No passado, o descumprimento havia ocorrido nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2015. Em todos esses casos a inflação havia ficado acima do teto do intervalo da meta. Em 2017, porém, o problema foi uma inflação muito baixa, inferior ao piso.