Economia

Proposta de ‘parcelar’ abono enfrenta resistência do Codefat

Proposta de ‘parcelar’ abono enfrenta resistência do Codefat Proposta de ‘parcelar’ abono enfrenta resistência do Codefat Proposta de ‘parcelar’ abono enfrenta resistência do Codefat Proposta de ‘parcelar’ abono enfrenta resistência do Codefat

Brasília – A proposta do governo de diluir o pagamento do abono salarial em 12 meses, em vez dos quatro em que são pagos o benefício, enfrenta forte resistência da bancada dos trabalhadores do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). O órgão, com representantes do governo, dos empregados e dos patrões, é responsável por definir o calendário de pagamento do benefício de até um salário mínimo.

O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que somente nesta semana a proposta de “parcelar” o pagamento do abono em um ano – de julho deste ano a junho de 2016 – chegou ao Ministério do Trabalho, que nem sequer foi consultado sobre o modelo defendido pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento e pela Casa Civil. A reunião do Codefat para decidir o cronograma de pagamento, que estava marcada para a próxima semana, foi adiada para o dia 2 de julho – no ano passado, o calendário foi decidido na reunião do dia 11 de junho.

A proposta de alongar o pagamento do abono tem por objetivo economizar R$ 10 bilhões neste ano, o que contribuiria para o cumprimento da meta fiscal. O Codefat estimou em quase R$ 20 bilhões as despesas para o pagamento do benefício em 2015, mas no orçamento foram autorizados R$ 10,1 bilhões, redução de 49,3% do que foi pedido.

Os técnicos tentam agora encontrar uma saída para o pagamento do abono com a metade dos recursos que serão necessários neste ano. Uma das hipóteses é fazer com que a metade dos trabalhadores que tem direito ao benefício o receba apenas ao longo do primeiro semestre de 2016. O critério pode ser a data de aniversário: os trabalhadores que nasceram de janeiro a junho devem receber o benefício no segundo semestre deste ano; o restante, ganhará o abono até junho de 2016.

Mais de 90% dos 25,5 milhões de trabalhadores que tiveram direito ao benefício no calendário anterior receberam o abono entre julho e outubro de 2014. Foram pagos R$ 15,8 bilhões no ano passado e apenas R$ 520 milhões no primeiro semestre deste ano. O abono passou a ser creditado diretamente na conta do trabalhador nos casos dos clientes da Caixa e do Banco do Brasil. O restante precisa sacar o dinheiro de uma agência da Caixa.

Depois de muito trabalho, o governo conseguiu que o Congresso aprovasse regras mais “duras” para a concessão do abono: passou a ter direito quem trabalhou ao menos três meses no ano anterior (antes era preciso apenas um mês). O benefício agora é proporcional ao tempo trabalhado, assim como o 13º.

“Não adianta o orçamento dizer que é R$ 10 bilhões, se a despesa for o dobro, o governo vai ter que fazer suplementação e pagar”, diz o presidente do Codefat, Quintino Severo. Outra alternativa seria o FAT arcar com os R$ 9,8 bilhões de diferença neste ano e depois ser ressarcido pelo Tesouro Nacional, uma vez que o pagamento do benefício é constitucional. “O orçamento tem de estar de acordo com o real, não adianta o governo ficar subestimando as despesas e superestimando as receitas”, completa Quintino, que é representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT).