De empregado de farmácia ainda menino no interior do Paraná a empresário bilionário, Sidney Oliveira construiu seu império com produtos próprios, parcerias comerciais e tino para o marketing. Ele foi preso nesta terça-feira (12) suspeito de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria de Estado da Fazenda.
Sua rede Ultrafarma, com seis unidades próprias e mais de 400 licenciadas sob a bandeira Ultrafarma Popular, nasceu em 2000 e foi impulsionada pela imagem do próprio Oliveira, garoto propaganda da marca em campanhas em diferentes emissoras de TV com quem tinha parceria e na internet.
Nascido em Nova Olímpia (PR) em 1953, Oliveira começou a trabalhar numa farmácia da cidade aos 9 anos de idade. Adulto, passou a vender medicamentos até conseguir montar uma pequena rede, com 12 farmácias, na região. Nos anos 80, vendeu-as e mudou-se para São Paulo, mas não conseguiu competir com as grandes redes.
A virada aconteceu em 2000, quando fundou a Ultrafarma, após uma viagem ao exterior. Inspirada em modelos de venda por telefone e na então nascente internet, a empresa foi criada com a proposta de vender medicamentos, sobretudo os de uso contínuo, mais baratos. Os genéricos haviam acabado de chegar ao mercado brasileiro e permitiram o crescimento do negócio.
Ao mesmo tempo, Oliveira se tornava o garoto propaganda da marca, que levava seu rosto em todas as embalagens até recentemente. Segundo ele disse ao Estadão numa entrevista em 2019, a ideia era educar o consumidor sobre o que eram os medicamentos genéricos, que enfrentavam campanhas contrárias das farmacêuticas que produziam remédios de marca e eram boicotados pelas farmácias tradicionais.
“Comecei fazendo merchans e continuei. Isso acabou sendo o principal diferencial da nossa empresa”, afirmou à época.
“Nesses últimos anos, contratamos vários artistas para campanhas, como Lima Duarte e Marilia Gabriela, mas percebemos que o consumidor gosta de saber quem é o dono.”
A linha de vitaminas de marca Sidney Oliveira também é campeã de vendas. Com margens maiores do que os genéricos, está entre as frentes de negócios de maior crescimento e mais impulsionadas nas campanhas da Ultrafarma. Em 2012, a rede passou ainda a patrocinar a estação Saúde do metrô paulistano, que passou a se chamar Saúde – Ultrafarma.
Católico fervoroso, Oliveira é pai de dez filhos e diz que ir à missa aos domingos é sua atividade favorita. Vive em uma chácara em Santa Isabel e vai de helicóptero até Congonhas, que fica perto da sede da empresa, na avenida Jabaquara. Em 2012, esteve envolvido num divórcio rumoroso em que sua ex-mulher tentou afastar Oliveira do comando da Ultrafarma.
Em 2019, seus bens haviam sido bloqueados por decisão da 2ª Vara Fiscal Federal de São Paulo, em razão de investigações que identificaram suposta prática recorrente de sonegação de impostos. Preso nesta terça-feira, 12, na chácara em Santa Isabel, as acusações são de esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria de Estado da Fazenda que teriam recebido mais de R$ 1 bilhão em propinas para favorecer empresas do setor de varejo.
*Fonte: Estadão