Economia

"Retrocesso, motivações ideológicas", avalia Casagrande sobre tarifaço de Trump para o Brasil

Governador do Espírito Santo considera as tarifas impostas pelo presidente dos EUA ao país um retrocesso

Fotos: Thiago Soares/Folha Vitória e Instagram (@realdonaldtrump)
Fotos: Thiago Soares/Folha Vitória e Instagram (@realdonaldtrump)

O governador Renato Casagrande (PSB) se manifestou nesta quinta-feira (10) sobre as novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. O chamado “tarifaço” foi anunciado na quinta-feira (9).

Para o governador capixaba, as tarifas impostas pelo presidente estadunidense ao país representam um retrocesso.

Como governador de um estado com relevante comércio internacional, defendo o comércio justo, o respeito entre as nações e o diálogo acima de disputas políticas. A medida atende a motivações ideológicas, não aos interesses do povo brasileiro e americano“, escreveu Casagrande em uma rede social.

A tarifa adicional de 50% será cobrada sobre produtos brasileiros que entrarem nos EUA. O anúncio foi feito por meio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que Trump justifica a tarifa como forma de retaliar medidas tomadas pelo Judiciário brasileiro, sobre o que classificou como “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Empresários do ES reagem a tarifaço

Para os empresários capixabas, a medida anunciada pelo governo Trump é severa e “tomada com base em interesses político-partidários internos e que rompe com os princípios fundamentais que regem o comércio internacional”.

O presidente da Findes, Paulo Baraona, exemplifica que os setores mais expostos à nova taxação incluem aço, rochas ornamentais, papel e celulose, minério e café, todos com forte peso na estrutura econômica do Espírito Santo.

“A relação comercial entre o Espírito Santo e os Estados Unidos é historicamente sólida e relevante. Dados do Observatório Findes, centro de inteligência da Federação, mostram que em 2024 os Estados Unidos representaram 28,6% de todas as exportações capixabas, consolidando-se como o principal parceiro comercial do Estado. Somente no ano passado, exportamos US$ 3,06 bilhões e importamos US$ 2,05 bilhões, saldo positivo para o Espírito Santo que passa a ser ameaçado por uma política comercial arbitrária”, afirmou.

A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) relata que a medida afeta diretamente o setor, que tem os Estados Unidos como principal destino de exportação.

De acordo com a associação, em 2024, o mercado norte-americano respondeu por 56,3% das exportações brasileiras do setor, totalizando U$ 711,1 milhões. O Espírito Santo foi responsável por 82,3% desta movimentação, com US$ 672,4 milhões destinados aos Estados Unidos.

Ainda segundo a Centrorochas, a nova tarifa coloca o Brasil em posição delicada em frente a outros fornecedores.

“A nova alíquota coloca o Brasil em desvantagem competitiva frente a outros fornecedores internacionais, como Itália, Turquia, Índia e China, que enfrentarão tarifas inferiores. A medida ameaça o desempenho de mais de 200 empresas exportadoras brasileiras e compromete uma cadeia produtiva que gera cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no país”, informou a Centrorochas, por nota.

Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros

Produtor web

Gabriel Barros é jornalista formado pelo Centro Universitário Faesa e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua desde 2018 no jornalismo capixaba. Em 2020, passou a integrar a equipe do jornal online Folha Vitória, em coberturas sobre o cotidiano das cidades do Estado, política e cultura.

Gabriel Barros é jornalista formado pelo Centro Universitário Faesa e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua desde 2018 no jornalismo capixaba. Em 2020, passou a integrar a equipe do jornal online Folha Vitória, em coberturas sobre o cotidiano das cidades do Estado, política e cultura.