A Samarco estima que levará oito anos para recuperar totalmente os equipamentos e estruturas afetados pela corrosão desde a paralisação de suas atividades em 2015, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). A informação foi compartilhada por Gustavo Paraíso, Coordenador de Integridade Estrutural da empresa, durante o 10º Seminário Espírito-Santense de Corrosão. O evento é do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer) e aconteceu no Centro de Convenções de Vitória na quinta (16) .
De acordo com o Gustavo Paraíso, o longo período de inatividade da empresa após o rompimento da barragem criou um passivo de grandes proporções. “Após o rompimento da barragem, ficamos sem operar por um longo tempo. Ou seja, isso fez com que nossas plantas permanecessem inoperantes por anos. Quando retomamos as operações, nos deparamos com o desafio de recuperar um passivo estrutural e anticorrosivo muito grande”.
Desde 2020, a empresa vem conduzindo um processo gradual de retomada. Atualmente, a Samarco trabalha na recuperação das usinas de pelotização 1 e 2, as mais antigas, que concentram parte significativa do passivo.
Hoje temos cerca de um milhão e quinhentos mil metros quadrados de estruturas a serem tratadas. É um trabalho de longo prazo, que exige alto investimento e precisa ser escalonado. Não dá para virar a chave de um ano para o outro. Imaginamos algo em torno de oito anos para conseguir garantir a conformidade das nossas instalações com relação à proteção anticorrosiva, para sair de um cenário corretivo para um cenário preventivo.
Gustavo Paraíso, Coordenador de Integridade Estrutural da Samarco
O coordenador enfatizou ainda que a Samarco reformulou sua visão sobre o tema, elevando a integridade estrutural e a proteção anticorrosiva a um pilar essencial da sustentabilidade do negócio.
Além de Samarco, Petrobras combate corrosão
Durante o seminário, Victor Alves, Coordenador de Engenharia de Equipamentos Estáticos e Inspeção da Petrobras, também destacou os desafios da corrosão no ambiente offshore e as medidas adotadas pela companhia para garantir a integridade e segurança das plataformas.
“Hoje nós temos três campos de petróleo no Espírito Santo, que contemplam 13 plataformas — das quais dez são próprias. Todas estão sujeitas à corrosão, por estarem em ambiente marítimo. Um dos nossos grandes desafios é justamente o controle da corrosão para aumentar a integridade das plataformas, garantindo segurança para os operadores, para o meio ambiente e para a continuidade da produção”, explicou Alves.
De acordo com ele, somente no Espírito Santo, a Petrobras possui cerca de 250 mil metros quadrados de estruturas a serem tratadas e pintadas. “É um trabalho contínuo, que não pode parar. Se você interromper, a corrosão volta. Por isso, precisamos estar sempre vigilantes em relação à integridade dos nossos ativos e estruturas”, reforçou.
Seminário do Sindifer
O Seminário Espírito-Santense de Corrosão é uma realização do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer). O evento fechou à décima edição e é o terceiro maior do país dobre o assunto. Reuniu especialistas, empresas e pesquisadores para debater o impacto da corrosão no Brasil e no mundo, bem como avanços tecnológicos do setor.
Ao longo dos dois dias de programação, o seminário apresentou palestras técnicas, estudos de caso e painéis sobre novas tecnologias de proteção, revestimentos bem como monitoramento. O evento também conta com feira de expositores e rodada de negócios para aproximar profissionais, empresas e instituições de pesquisa, estimulando parcerias estratégicas e novos projetos.