Tarifas contra o Brasil

Secretário de Trump diz que EUA não vão adiar prazo para imposição de tarifas

Howard Lutnick afirmou que o presidente americano seguirá disposto a negociar depois do prazo

Howard Lutnick
Howard Lutnick. Foto: White House/flickr

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou neste domingo, 27, que o prazo estabelecido por Washington para a imposição de novas tarifas sobre seus parceiros comerciais, inclusive o Brasil, permanece inalterado.

“Não haverá prorrogação nem mais períodos de carência. Em 1º de agosto as tarifas serão fixadas. Entrarão em vigor. As alfândegas começarão a arrecadar o dinheiro”, declarou Lutnick, em entrevista a emissora conservadora americana Fox News.

O secretário do governo Trump afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trumpmanterá as portas abertas para alcançar acordos com seus parceiros mesmo depois do prazo.

Lutnick também comentou as negociações dos EUA com a União Europeia. Ele disse que Washington “espera chegar a um acordo com a UE”. Trump deve se encontrar com a presidente da Comissão EuropeiaUrsula von der Leyen, na Escócia neste domingo, 27.

Apenas cinco países firmaram acordos comerciais com Washington depois do primeiro anúncio das tarifas em abril: Reino UnidoVietnãIndonésia, Filipinas e Japão.

As tarifas acordadas por esses países superam a taxa de 10% que os Estados Unidos aplicam desde abril à grande maioria dos países, mas ainda assim estão muito abaixo dos níveis com os quais Trump ameaçou se os governos não chegassem a um acordo com Washington que pôs fim ao que ele considera como práticas desleais.

Tarifas contra o Brasil

As tarifas contra o Brasil, que devem entrar em vigor no começo de agosto, irão prejudicar diversos setores da economia brasileira, como produtos agrícolas, produtos manufaturados, petróleo e aviões.

Os Estados Unidos têm um superávit com o Brasil que representou quase US$ 284 milhões (R$ 1,6 bilhão) em 2024, segundo números oficiais brasileiros. As principais vendas do Brasil para o mercado americano são de petróleo bruto (12%), produtos semiacabados de ferro e aço (9,7%), café não torrado (5,8%) e aeronaves e outros equipamentos (5,2%), entre outros.

As taxas foram anunciadas em julho pelo presidente americano, Donald Trump, sob argumento político de que existe uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A avaliação do governo brasileiro é de que Trump “não quer conversar” com o Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reitera que o seu Plano A é continuar “negociando”.

A chancelaria informou que enviou em maio para os Estados Unidos “uma minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação”, para explorar “soluções mutuamente acordadas”. Segundo Brasília, ainda não houve uma resposta dos Estados Unidos.

Alckmin conversa com Lutnick

Na quinta-feira, 24, o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckminafirmou que conversou com Lutnick e ressaltou que o País está empenhado em resolver a questão das tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos.

“Conversamos com o governo americano, tivemos uma conversa com o secretário de Comércio, uma conversa até longa, que entendo que é importante, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, disse Alckmin, acrescentando que o diálogo ocorreu no último sábado.

“O Brasil nunca saiu da mesa de negociação, não criamos esse problema, mas queremos resolver. Estamos empenhados em resolver”, ressaltou Alckmin, que também é responsável pela pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Senadores brasileiros em Washington

Uma delegação de senadores brasileiros viajou a Washington para tentar destravar a negociação com os EUA. Tereza Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL) tiveram uma primeira reunião de trabalho no sábado, 26, para discutir o tema.

A missão oficial do Senado à capital americana ocorre em meio ao início do recesso parlamentar nos EUA. A Câmara dos Deputados entrou em recesso na semana passada, enquanto o Senado americano deve ter sessão até 31 de julho.

Com a agenda parlamentar esvaziada, o foco da missão brasileira deve ser o setor corporativo. As tentativas de negociações do Brasil com os EUA ganharam corpo nos últimos dias, mas nenhum avanço de fato ocorreu, em meio ao temor de que os americanos adotem novas sanções contra o País.

Na semana passada, senadores americanos enviaram carta a Trump, criticando a taxação ao Brasil. No documento, acusam o chefe da Casa Branca de “claro abuso de poder”. Dizem ainda que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria “precedente perigoso” e provoca “guerra comercial desnecessária “./com AFP