Economia

Sem aval do TCU para arrendamento de portos SEP não faz licitações

Sem aval do TCU para arrendamento de portos SEP não faz licitações Sem aval do TCU para arrendamento de portos SEP não faz licitações Sem aval do TCU para arrendamento de portos SEP não faz licitações Sem aval do TCU para arrendamento de portos SEP não faz licitações

Brasília – Perto de deixar o comando da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP), o ministro César Borges lamenta não ter conseguido o aval do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre arrendamentos de áreas com base na nova Lei dos Portos, de 2012. A expectativa dele era ter conseguido em novembro a liberação do tribunal para a rodada de concessões, o que não se confirmou depois que o ministro André Luís de Carvalho pediu vista do processo. “A conversa com o TCU é imprevisível”, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. “Fui ao ministro e não consegui ser recebido para me colocar à disposição dele para fazer explicações”, disse Borges.

A SEP precisa do aval do TCU para fazer o arrendamento de áreas no porto de Santos e em terminais do Pará. O embate entre o ministério e o tribunal começou depois que a ministra Ana Arraes impôs 19 alterações à proposta do governo de licitar áreas com base na Lei dos Portos. O ministério conseguiu se acertar com a ministra sobre 15 desses pontos, mas o principal deles ficou pendente: a fixação de tarifa-teto para as licitações.

Borges recorre à analogia de que um porto funciona como uma “mercearia” para argumentar que o TCU não pode impor um preço limite que os operadores portuários poderão exercer para movimentar carga. “Se você fixar preços, tarifas, o mercado não vai funcionar. Esse pessoal tem uma atividade econômica e isso significa ter liberdade, concorrência”, justifica. “Você não pode fixar que uma mercearia venda qualquer produto fixando preço. Cada um pratica seu preço e se amanhã ela (mercearia) praticar um preço alto, não vai vender. Então, em portos isso funciona também”, afirmou.

O ministro disse que o TCU poderia liberar o caso do Pará, enquanto se debruça sobre o processo envolvendo Santos. Segundo Borges, isso seria importante para a SEP sair de uma “situação de imobilismo” e avançar no planejamento dos investimentos portuários no País. “Santos é o maior porto, tem uma complexidade específica, muitos interesses. Então separa o Pará para que a gente possa fazer outros Estados, como Bahia e Rio Grande do Norte”, sugeriu.

Sem a definição de como serão feitos os arrendamentos, de acordo com Borges, os investimentos portuários ficam parados. Ele disse que a SEP está disposta a acatar determinações do TCU para acelerar a apreciação do plenário da Corte. “Eu não tenho problema nenhum de recomendação do TCU. O importante é que a gente tenha. São quatro blocos (de arrendamento) e só um está submetido à decisão do tribunal, que é Santos e Pará. Eu só posso continuar os outros três sabendo que recomendação tem (decidida)”, disse.

Apesar do apelo, Borges sabe que o TCU só deve voltar ao tema em 2015. Até lá, a SEP pode ter um novo ministro. Ele afirma que trabalha com o “horizonte” de 31 de dezembro, quando a presidente Dilma Rousseff precisa ter definido sua equipe ministerial para o segundo mandato.

Nos bastidores no Palácio do Planalto, o rumo é de que Dilma pode integrar a Secretaria de Portos ao Ministério dos Transportes. A mudança faria parte da negociação da presidente com o PR, que enfrenta uma disputa interna entre o deputado Anthony Garotinho (RJ) e o ex-senador Antônio Carlos Rodrigues (PR) pelo comando dos Transportes em 2015. Borges, que foi do PR até este ano, evita comentar sua sucessão ou se está disputando a permanência em Portos.