Economia

Sócios afastam Dantas do bloco de controle da Vale

Sócios afastam Dantas do bloco de controle da Vale Sócios afastam Dantas do bloco de controle da Vale Sócios afastam Dantas do bloco de controle da Vale Sócios afastam Dantas do bloco de controle da Vale

Rio de Janeiro – A renovação do acordo de acionistas da Valepar, holding que controla a Vale, acabou sendo também uma oportunidade para os fundos de pensão estatais, o BNDESPar, a Mitsui e o Bradespar afastarem do bloco um sócio tão pequeno quanto incômodo. A Eletron, veículo por meio do qual Daniel Dantas detém hoje 0,02% da holding, ficou de fora do novo desenho. O acordo surgirá após a incorporação da Valepar, com validade até novembro de 2020, e vinculará 20% das ações ordinárias da mineradora detidas por seus principais acionistas.

A Eletron foi excluída da estrutura acionária pós-operação. Após o fim do acordo atual, em 9 de maio, Dantas passará a ser um acionista comum, sem ingerência sobre a gestão da empresa. A Eletron ficará com 0,01% em ações ordinárias, porém desvinculadas do acordo de acionistas.

A decisão de eliminar o quinto elemento do grupo de controle teria sido tomada em comum acordo entre a Litel – que reúne os fundos e é liderada pela Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) – e os demais sócios. O Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que o dono do Opportunity não foi sequer comunicado das tratativas e da mudança de status da Eletron. Segundo fontes, os demais sócios da Valepar procuraram manter Daniel Dantas afastado do processo, mas pairava no ar o temor de que o empresário tomasse alguma medida que atrapalhasse as negociações. Procurado, o Opportunity não respondeu até o fechamento desta edição.

“Não existia obrigatoriedade de incluir a Eletron. Justamente por fazer muito barulho, era uma permanência indesejável. O tipo de gestão do Opportunity é muito particular, em busca de interesses próprios”, disse uma fonte.

A Eletron já não participava assiduamente das reuniões prévias dos acionistas, realizadas antes das Assembleias Gerais e das reuniões do Conselho de Administração da Vale, com a finalidade de definir o voto dos acionistas da Valepar e de seus representantes no conselho. A harmonia entre os controladores é reconhecida, até na decisão de matérias em que o acordo exige quórum qualificado. O veículo de Dantas era um ponto fora da curva.

Disputa. A relação conturbada entre a Previ e Dantas é pública. A conhecida disputa pela Brasil Telecom, ocorrida nos anos 2000, depois chegou à Vale. Nesse caso, a briga envolveu a Bradespar, braço de participações do Bradesco. O banqueiro busca o direito de ampliar sua fatia acionária no capital da Valepar, alegando que teve sua participação diluída no aumento de capital de 2002.

O caso corria em arbitragem, mas após a vitória do Opportunity, em 2010, Vale e Bradespar recorreram à Justiça para barrar o avanço da Eletron. O argumento foi o fato de um dos três árbitros do processo, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Francisco Rezek, já ter advogado para o Opportunity. A Lei de Arbitragem impede de atuar como árbitros pessoas relacionadas às partes. A disputa segue no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Para evitar o “efeito Opportunity” nesta nova fase, o acordo transitório da Valepar traz uma cláusula exigindo que, para permanecer no acordo de acionistas, será preciso manter uma fatia mínima igual a 5% das ações.

Procurados, Previ, BNDES e Bradespar não comentaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.