Foto: Freepik
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*Artigo escrito por Erika Almeida, Private Banker na Apex e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia e Finanças do Ibef-ES.

As stablecoins — ou “moedas estáveis” — são criptoativos criados para manter paridade com moedas fiduciárias, como o dólar ou o euro. Diferente de outras criptomoedas, que têm alta volatilidade, elas são lastreadas em ativos estáveis e funcionam como uma ponte entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto.

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O objetivo principal é oferecer a agilidade e a descentralização da blockchain sem abrir mão da estabilidade de preço. Essa característica tem tornado essas moedas, uma ferramenta cada vez mais utilizada para transferências internacionais, proteção contra inflação local, remessas familiares e até como reserva de valor.

No Brasil, esse movimento ganhou força nos últimos meses. Em junho de 2025, o país movimentou cerca de R$ 9,6 bilhões em stablecoins, de acordo com dados do Cointelegraph Brasil.

O número impressiona e sinaliza que essas moedas digitais estão assumindo um papel central na nova dinâmica financeira brasileira. Estima-se que mais de 90% das transações em cripto no país envolvam stablecoins, especialmente o USDT (Tether), a mais utilizada globalmente.

Essa ascensão pode ser explicada por diversos fatores, entre eles o avanço da digitalização financeira, a maior familiaridade do público com criptoativos e a busca por meios mais eficientes, rápidos e baratos de enviar dinheiro para o exterior ou proteger o poder de compra frente à desvalorização do real.

Outro aspecto que impulsiona esse fenômeno é o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que encarece as transações cambiais tradicionais.

Stablecoins

Para muitos brasileiros, adquirir essas moedas em corretoras locais se tornou uma maneira mais econômica de dolarizar parte dos seus recursos.

Além disso, essas moedas são amplamente aceitas em plataformas internacionais, podendo ter utilidade para saques em caixas eletrônicos no exterior, pagamentos digitais e investimentos em outras criptos.

No entanto, essa movimentação também acendeu um alerta entre autoridades. O presidente do Banco Central, Galípolo, afirmou que o volume crescente de stablecoins está provocando distorções nos fluxos cambiais. Desafiando os mecanismos tradicionais de controle monetário.

Diante disso, a regulação sobre o uso e a custódia desses ativos está sendo debatida, inclusive com propostas que preveem a integração com o Drex — o real digital, ainda em fase de testes.

A explosão no uso de stablecoins no Brasil mostra que a tecnologia financeira avança mais rápido que a regulação. O país se encontra num ponto crítico de transformação: ou adota uma postura proativa e construtiva diante desse novo cenário. Ou corre o risco de ver o sistema financeiro tradicional perder relevância para soluções digitais mais ágeis e acessíveis.

Portanto, se bem conduzido, o processo regulatório pode transformar o Brasil em referência global na adoção segura e estratégica de ativos digitais. Garantindo liberdade financeira aos cidadãos e estabilidade para a economia.

Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.

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