O Sul do Estado já tem pelo menos duas embarcações certificadas para exportar pescado para a Europa, mas este é só um passo no processo. Há barreiras sanitárias para o peixe brasileiro no continente europeu desde 2017. E negociações do setor para derrubar as restrições há, pelo menos, cinco anos. Na avaliação do setor produtivo, leva no mínimo de seis a nove meses para abrir o mercado. Falta uma longa etapa para a atividade. Será que as empresas aguentam esperar?
Para se ter ideia, a Atum do Brasil, uma das maiores empresas de pescado do Estado, ainda está parada. A produção mensal da empresa era de 80 toneladas, que chegam de 180 barcos. A empresa tem 150 funcionários. Agora, a produção é quase nula. Barcos voltaram e não saem porque sabem que o produto vai empacar.
A princípio a empresa estuda a possibilidade de tentar negociação com embarcações, fontes produtoras e distribuidoras de insumos para equalizar custos. Ou seja, para tentar superar o tarifaço. Porém é uma tarefa difícil. Outra opção seria voltar a produção para o mercado interno e vender no Brasil. Seria. Isso é considerado quase impossível. Sabe por que? Por causa do gosto. Cada região prefere um tipo de peixe. E por aqui, a meca, ou o espadarte, peixe mais exportado para os EUA, não é tão apreciado assim.
Lar do badejo
“Badejo é o normal por aqui. É um peixe de primeira linha. O que representa o badejo nas exportações? É ínfimo. A cioba é um produto de alto consumo nos EUA, de qualquer tamanho. Já aqui no ES, o consumo é só das grandes. O Nordeste consome atum e cavala. No entanto eles também são um mercado limitado”, analisou Mauro Lúcio Peçanha de Almeida, diretor-presidente da Atum do Brasil.
A empresa, como todo setor, não quer o que o governo federal já sinalizou. Linhas de crédito não adiantam nada porque uma hora tem que pagar. Seria o remédio, não o antídoto. Afinal, são 2.800 embarcações no Brasil altamente impactadas. “Precisamos de apoio forte do governo no sentido de fazer isenções de impostos sobre energia elétrica, subsidiar combustíveis, diminuir os custos do gelo. Precisamos de situações pontuais”, atesta Mauro Lúcio.
Mais do pescado na Europa
Sobre o mercado europeu, o diretor-presidente da Atum do Brasil é categórico: “Se estivéssemos na Europa não sentiríamos tanto. Inglaterra, Alemanha, França, Portugal têm condição de absorver muitos dos nossos produtos. Porém lá, os franceses travam tudo”.
Há negociações em andamento com o Canadá. Também com a China. Porém eles têm restrições, limitações. Não tem jeito, o peixe do Espírito Santo precisa ir para os Estados Unidos.
“Temos que acreditar que o quadro vai se reverter, que vamos retomar as exportações para os Estados Unidos. Porque existe um apelo muito forte ao nosso pescado. Os EUA consomem bastante, precisam do nosso peixe. E talvez a gente consiga um respiro nessa negociação com eles. Continuamos tentando.
Mauro Lúcio Peçanha de Almeida, diretor-presidente da Atum do Brasil