Se não dá pra beber destilado por causa do risco de contaminação, o jeito é beber vinho! A crise da contaminação de bebidas com metanol leva pânico a população e estabelecimentos que vendem destilados. Porém ao mesmo tempo o caso deve impulsionar o mercado de vinhos. É o que deve acontecer com os negócios da capixaba Wine, considerada o maior clube de vinhos online do mundo.
No ano passado, o e-commerce com sede no ES vendeu 32 milhões de garrafas de vinho. Este ano, a empresa espera vender mais de 40 milhões de garrafas. Se o movimento já era de crescimento antes dos acontecimentos do metanol, agora essa meta parece mais próxima do que nunca. E tem grande chance de passar a marca.
A gente tem estrutura para atender ainda. Temos esse centro de distribuição (CD) aqui no Estado, temos um CD em Itajaí e ainda temos um CD de apoio em São Paulo. Com essa estrutura que a gente tem hoje, não é necessário fazer nenhum aumento nem de tecnologia, nem de espaço. A gente ainda está dimensionado para um crescimento ainda maior.
Clayton Freire, CIO e CTO do Grupo Wine
Ou seja, na falta do destilado, o vinho aparece como opção mais segura. Clayton Freire disse ainda que a vantagem do vinho passa pela variedade. Afinal, se não dá para comprar o mais premium, aquela garrafa de R$ 10 mil, existem opções de qualidade com preços mais acessíveis. Tipo, de uns R$ 40, R$ 50. Será? É o que dizem os especialistas…
Mais gosto por vinho
Esse aumento de interesse por vinho no país já era notado pelos executivos da Wine. O consumo já foi menos de um litro per capita por ano. Hoje, esse volume ultrapassa dois litros per capita. “O consumo tem aumentado e a gente está chegando a um consumidor que consumia vinho suave. Ou seja, ele está migrando para vinhos mais finos”, concluiu Clayton.
No Espírito Santo, o medo em relação a bebidas contaminadas com metanol já é realidade. Atualmente três casos seguem em investigação no Estado, na Serra, Vitória e em Colatina.
Outros seis casos já foram descartados após exames clínicos e laboratoriais. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), não há confirmações de casos e de mortes por intoxicação por metanol no Estado até o momento.
Antídoto para o metanol
Mesmo assim, a Sesa iniciou processo de compra emergencial de álcool absoluto estéril, usado como antídoto no tratamento de intoxicações por metanol. O governo estadual já iniciou a compra de 4.800 ampolas do medicamento e também aguarda o envio de doses importadas do Japão pelo Ministério da Saúde.
A explosão de casos de contaminação por metanol acontece principalmente em São Paulo. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de SP (Fhoresp) registrou que estabelecimentos cuja venda de destilados é relevante acusaram queda de até 50% na receita. A entidade informou ainda que a redução geral no movimento atingiu até 30% desde a explosão do escândalo.
Segundo dados do Ministério da Saúde, até 6 de outubro, o Brasil já contabilizava mais de 217 notificações de intoxicação por metanol, com vários casos confirmados e mortes em investigação. Estes números reforçam o temor da população e intensificaram o impacto negativo nas vendas.