Economia

Tarifaço de Trump: 4 pontos sobre como governo, Congresso e empresas lidam com caso

Lula e presidentes da Câmara e do Senado falam em ‘reciprocidade’ à medida de Trump, mas colocam como prioridade negociar para evitar que os 50% sobre as exportações aos EUA entrem em vigor no dia 1º

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Lula disse inicialmente que vai determinar a reciprocidade de tarifas contra medida de Trump, porém governo deve negociar. Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Lula disse inicialmente que vai determinar a reciprocidade de tarifas contra medida de Trump, porém governo deve negociar. Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Ainda perplexos com o anúncio de tarifa de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, líderes do governo, do Congresso e do setor produtivo mostraram rara convergência nesta quinta-feira, 10. Ou seja, estão todos juntos por uma solução ao problema criado pela postura diante do governo de Donald Trump.

Apesar de o presidente Lula, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, terem defendido a reciprocidade, prevalece a vontade de resolver o conflito sem ter de ir para o confronto. No ambiente político, destoou um bate-boca entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Leia a seguir em quatro pontos como foi o dia seguinte ao tarifaço de Trump e quais são os próximos passos apontados. Do mesmo modo considerando reações de autoridades e líderes empresariais, em contagem regressiva para a entrada em vigor da medida, em 1º de agosto.

Lula ameaça aplicar de volta 50%, mas quer negociar

O governo está criando um grupo para definir como será a reação a Trump se entrar em vigor a taxação de 50%. Com base em avaliações de algumas áreas feitas mesmo antes do comunicado da Casa Branca, o Brasil pode antecipar o fim do período em que há direito de patentes de medicamentos. Nesse sentido, o prazo de carência impede a fabricação, a venda ou a distribuição da fórmula sem autorização.

Em entrevista ao Jornal da Record, da TV Record, Lula afirmou que vai cobrar 50% em tarifas dos EUA caso Trump cumpra o anúncio, mas ressaltou ao Jornal Nacional, da TV Globo: “Não queremos brigar com ninguém, nós queremos negociar”. Em ambas, disse que avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e propor investigações internacionais.

Alcolumbre e Motta: Congresso está pronto para agir

Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgaram uma nota conjunta. Eles sugerem o uso da lei de reciprocidade como reação à tarfia de Trump bem como destacam que o Congresso Nacional estará pronto para defender a economia do País.

Com muita responsabilidade, este Parlamento aprovou a Lei da Reciprocidade Econômica. Um mecanismo que dá condições ao nosso país, ao nosso povo, de proteger a nossa soberania.

Nota conjunta de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados

Alcolumbre e Motta afirmaram também que o Congresso vai “acompanhar de perto” os desdobramentos da taxação. Do mesmo modo, ele argumentam que a decisão de Trump de impor nova taxação sobre “setores estratégicos da economia brasileira deve ser respondida com diálogo nos campos diplomático e comercial”.

Agro e indústria apreensivos com medida de Trump

Do agro à indústria, líderes de diferentes segmentos manifestaram preocupação com os efeitos da tarifa de Trump.

O deputado Fausto Pinato (PP-SP), da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi taxativo sobre a posição do país. “Não é uma questão de direita, centro ou esquerda. É uma questão de defender a soberania do nosso País. Ou o Brasil se ajoelha ou enfrenta”.

Na mesma linha, em nota assinada por seu presidente, Josué Gomes da Silva, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmou: “Apesar do impacto negativo para a indústria brasileira da elevação de tarifas unilateralmente pelos EUA, entendemos que a soberania nacional é inegociável. Este é um princípio balizador”.