Economia

Tarifaço de Trump: 60% dos embarques de rochas do Brasil devem ser suspensos

Segundo a Centrorochas, a expectativa é que até o fim do mês cerca de 1.200 contêineres de rochas deixem de ser embarcados

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Porto de Capuaba à esquerda e de Vitória à direita
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

As tarifas de 50% anunciadas pelo presidente Donald Trump para produtos brasileiros já é sentida por setores da economia capixaba. Segundo a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), a medida já afetou 60% das exportações do setor.

Segundo a Centrorochas, a associação atua junto a entidades nacionais e de fora do Brasil para mitigar os impactos da tarifa, anunciada no dia 9 de julho. A expectativa é que até o fim do mês cerca de 1.200 contêineres deixem de ser embarcados.

Isso, segundo a associação, pode representar uma redução de aproximadamente R$ 40 milhões em exportações em julho.

“A gravidade do cenário foi reforçada nesta semana pelo Natural Stone Institute (NSI), entidade parceira da Centrorochas nos Estados Unidos. Em vídeo encaminhado ao vice-presidente da Associação Brasileira de Rochas Naturais, Fábio Cruz, e ao presidente do NSI, Evan Cohen, o CEO da organização, Jim Hieb, compartilhou os desdobramentos de uma reunião realizada hoje (17 de julho) com a National Association of Home Builders (NAHB)”, afirma a associação.

A Centrorochas relata que na mensagem, Hieb destacou o compromisso conjunto em defesa do setor de rochas naturais brasileiro no mercado norte-americano, além do forte impacto da medida para os importadores nos Estados Unidos.

Ainda de acordo com a Centrorochas, a diversificação de mercados é uma estratégia a longo prazo da associação, mas não representa uma solução viável a curto prazo para o setor no Brasil.

Os Estados Unidos são, de longe, o principal destino das rochas naturais brasileiras, com características técnicas específicas, como a espessura das chapas, que tornam o redirecionamento imediato inviável. Além disso, não há, neste momento, outro mercado capaz de absorver o volume atualmente demandado pelos EUA.

Expansão internacional

A Centrorochas relata que já há alguns anos busca a expansão internacional do setor, com ações estruturadas em locais como os Emirados Árabes Unidos, além de estudo de mercado em países como México, Polônia e Austrália.

Apesar disso, afirma que o momento atual pede atuação diplomática firme e coordenada para prorrogar o prazo da tarifa imposta pelos Estados Unidos, para que as exportações ao país tenham continuidade.

Reunião com vice-presidente

A Centrorochas participou da primeira reunião do Comitê Iterministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, coordenada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, realizado na última terça-feira (15).

Ainda segundo a associação, há diálogo constante do setor com a ApexBrasil, que estabelece a parceria no projeto “It’s Natural – Brazilian Natural Stone”, para propor novas negociações com representantes do governo Trump.

Mercado norte-americano

Em 2024, os Estados Unidos responderam por 56,3% das exportações brasileiras de rochas naturais. No primeiro semestre de 2025, o setor registrou um recorde histórico, com US$ 426 milhões exportados ao mercado norte-americano, crescimento de 24,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Espírito Santo, principal estado exportador, foi responsável por mais de 94% desse volume.

“A Associação Brasileira de Rochas Naturais seguirá atenta aos desdobramentos e reforçando suas ações institucionais, com o compromisso de defender a competitividade e a presença das rochas naturais brasileiras no cenário global”, afirma a Centrorochas.

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.