
A tarifa de 50% a produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que entra em vigor nesta quarta-feira (6), pode afetar cerca de 400 mil empregos ligados ao café no Espírito Santo.
Estes empregos, diretos e indiretos, estão espalhados em 60 mil propriedades agrícolas pelo Estado, segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Segundo os dados do Instituto, a média é de que a cada três produtores agrícolas no Estado, dois são cafeicultores.
O grão também corresponde a 70% do agro capixaba, com cerca de US$ 770 milhões exportados aos Estados Unidos somente este ano. O país norte-americano é o segundo maior comprador de café brasileiro no mundo.
Esperança de isenção
O vice-governador Ricardo Ferraço relatou que o mercado capixaba e brasileiro podem vislumbrar uma possível isenção do produto no futuro, assim como ocorreu com o suco de laranja.
Isso porque o mercado norte-americano consome muito café e as tarifas serão prejudiciais também à economia dos Estados Unidos.
“A cada dólar de café verde exportado, gera outros 40 dólares de valor agregado na economia americana, então a ficha vai caindo de que essa injusta medida adotada contra a economia brasileira e capixaba não é apenas prejudicial à nossa realidade, mas à norte-americana”, explicou.
Novos mercados importadores
Para mitigar os impactos do tarifaço, o Brasil deve se focar, pelo menos momentaneamente, em outros mercados consumidores, explica o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé-ES), Márcio Cândido Ferreira.
Ele relata que o diálogo deve acontecer também com importadores norte-americanos a fim de reverter as exportações canceladas.
“A produção mundial de café ainda é muito justa para o volume de café consumido no mundo. Tanto é assim, que o Brasil exporta café para todos os países consumidores e também para todos os países produtores. A alternativa é destinar esse café para outro destino, como Europa, Ásia, outros países da América do Sul”, disse.
Na semana passada, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem os grãos para lá.
Impacto para o produtor
Além dos impactos para os exportadores, quem produz o grão também teme a nova medida do governo norte-americano.
Este é o caso de Willian Grunewald, que produz 350 sacas anualmente, e enxerga na medida um impacto direto na renda das famílias produtoras no interior do Estado.
“Eu adoro, praticamente nasci na roça mexendo com o café. O que pode acontecer com a tarifa é diminuir a renda do produtor, de todo mundo do interior”, alerta.
*Com informações do repórter Lucas Pisa, da TV Vitória/Record