*Artigo escrito por Marco Túlio Ribeiro Fialho é advogado, sócio-fundador do Ribeiro Fialho Advogados, especialista em Direito Tributário, Empresarial, e Público.
Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump tem intensificado sua política comercial protecionista. Com o discurso de proteger empregos, recuperar a indústria nacional e equilibrar a balança comercial, o governo norte-americano voltou a impor tarifas pesadas a países que vendem mais do que compram dos EUA.
O Brasil, até então, mantinha certa vantagem nesse jogo. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), desde 2009 importamos mais produtos norte-americanos do que exportamos para lá, o que se deve ao nosso foco em bens de menor valor agregado, como café, aço e soja, em contraste com os produtos industrializados que compramos dos EUA.
Mas essa estabilidade foi rompida. Nesta semana, Trump elevou para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros, em carta enviada diretamente ao presidente Lula.
Tarifas de Trump: proteção ao mercado norte-americano
A justificativa mescla argumentos econômicos e políticos: da proteção ao mercado norte-americano à insatisfação com decisões judiciais brasileiras que impactaram empresas digitais dos EUA e com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O impacto sobre o Brasil é concreto: quebra de contratos, redução de receitas e ameaça à geração de empregos, especialmente em pequenas e médias empresas exportadoras, que já operam com margens estreitas.
Hora de ampliar acordos comerciais
Diante disso, o governo brasileiro deve buscar medidas de compensação — e não apenas no campo diplomático. É hora de ampliar acordos comerciais com outros países, buscar novos mercados e acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para questionar a legalidade da medida.
Acima de tudo, o país precisa aproveitar o momento para fortalecer sua política de exportação e revisar a estrutura produtiva, valorizando bens de maior valor agregado.
A reforma tributária e os projetos de simplificação fiscal em debate oferecem a chance de reposicionar o Brasil como destino atrativo ao investimento externo.
O cenário global está mudando — e cabe a nós nos tornarmos protagonistas, e não vítimas, dessa mudança.
Como canta o Jota Quest,
“Vivemos esperando dias melhores pra sempre.”
Que saibamos transformar crise em oportunidade. E fazer, enfim, desses dias, os nossos.